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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

minutas

14.04.10, Paulo Prudêncio

 

Foi daqui

 

Afinal o que é que os sindicatos acordaram com o governo? O tempo vai passando e nos diplomas mais mediatizados está tudo num limbo ensurdecedor. Nada acontece porque a maioria dos dispositivos legais é inexequível, embora nalguns casos a sua manutenção seja um desastre para o poder democrático da escola e para o ensino público. Parece um estado de sítio. Não se cumprem as leis. O espírito dos diplomas é nocivo à democracia e o elemento teleológico dos normativos foi cilindrado.

 

Os sindicatos devem ter vergonha do que assinaram. Os maus burocratas recorrem à receita de costume: assinam um conjunto vazio de mudanças reais e depois respondem com minutas, abaixo-assinados e manisfestações - e desta vez até com uma greve, como em Março de 2010 -. A paciência tem limites, que raio. E depois os bloggers é que dividem e criam confusão. Incomodam é muito, essa é que é a verdade. São novos tempos, realmente.

repito: afinal os bloggers tinham razão

14.04.10, Paulo Prudêncio

 

 

Apesar da Fenprof considerar que os bloggers serviram para dividir e para lançar a confusão - seria outra blague que daria para rir se não fosse desgraçada - o que é factual é que passados uns dias após a generalizada contestação blogosférica aos concursos de professores contratados e ao acordo financeiro, a infalível federação de sindicatos tem outra versão para a valsa que ensaia desde há muito com as políticas dos últimos ministérios da educação.

 

Ora lei mais esta versão - site da Fenprof, aqui - do "agarrem-me senão nem sei o que lhes faço; mas agarrem-me mesmo, por favor".

 

 

O governo e o ME escolheram o caminho do confronto.

 


"O governo e o ME escolheram, uma vez mais, o caminho do confronto, ao optar por não ponderar a possibilidade de prorrogar por mais um ano a norma que permite a não consideração da avaliação de desempenho como factor de graduação profissional para efeitos de concurso.

Em declaração à imprensa, Mário Nogueira, lembrou que a FENPROF não foi favorável – e trata-se de uma posição de fundo - a que a avaliação de desempenho seja considerada para efeitos de concurso de professores. Antes do mais por uma razão legal: a avaliação de desempenho, na Função Pública, é considerada para efeito de carreiras, para concurso de acesso às categorias, e não de mobilidade.

Acresce que, neste caso concreto – dos concursos que decorrem agora para contratação de professores – há razões acrescidas para que não seja considerada a avaliação. Porque vai criar situações perversas e injustas. A avaliação de desempenho, que hoje existe, dos professores contratados, é uma avaliação de desempenho a que nem todos puderam ser sujeitos e em que há uma grande diversidade de situações e tratamento desigual para situações idênticas.

Na prática, sublinhou Mário Nogueira, as discrepâncias registadas na aplicação do regime de avaliação (para além do facto de o próprio formulário electrónico estar incorrecto) – houve por exemplo escolas que decidiram dar Bom a todos os professores e outras que aplicaram quotas – podem traduzir-se em situações de profunda injustiça. Ou, mesmo, definir a fronteira entre ter ou não ter emprego.

É contra esta situação que a FENPROF tem vindo a bater-se, mantendo um contacto permanente com o Ministério da Educação, no sentido de tentar ultrapassar a dificuldade legal em causa, prorrogando, por mais um ano, a norma que permite a não consideração da avaliação de desempenho como factor de graduação profissional para efeitos de concurso.

Face à recusa, por parte do governo e do Ministério da Educação, de resolver a situação através do diálogo e da negociação, a FENPROF considera que é o momento próprio para o protesto.

Nesse sentido, a FENPROF divulgará um abaixo-assinado a ser subscrito pelos professores. Hoje ainda será pedida audiência à Comissão de Educação da Assembleia da República. Esta sexta-feira será feito novo ponto da situação. E, segunda-feira, pelas 17h, será entregue no ME o abaixo-assinado. Uma iniciativa para que a FENPROF convida os professores a marcarem presença frente ao Ministério da Educação. No Porto, Coimbra, Évora e Faro, serão pedidas reuniões a todas as Direcções Regionais de Educação."

14-04-2010


afinal os bloggers tinham razão

14.04.10, Paulo Prudêncio

 

 

 

Foi daqui

 

Os resultados do primeiro ciclo da avaliação do desempenho - chamar avaliação a esta farsa parece coisa de gente ensandecida, mas que é que se há-de fazer? - não podem ter quaisquer efeitos na vida profissional dos professores.

 

Nesta verdadeira fantochada, a Fenprof vem apelar aos docentes para não concorrerem. Ora leia.

 

PS: Mas antes de ler digo-lhe outra coisa. Estive uns dias fora da rede e só agora li os comentários que entraram. No post que pode ler aqui, há comentários que se relacionam com os mais jovens professores como acontece, por agora, com esta trapalhada dos efeitos da avaliação. E o que me custa mesmo muito, é saber que há responsáveis políticos que conhecem tudo o que se passa, que é muito mais do que foi escrito num dos comentários, com a precária e anti-democrática situação desses jovens professores e nada dizem. Ninguém protesta. Os jovens com medo do despedimento e os outros, os mais velhos, porque vivem numa democracia amordaçada. Qual é a solução que utilizam? Escrevem aos bloggers para que denunciem as situações.

 

 

Concursos para professores com "irregularidades"

 

"A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) acaba de apelar aos docentes para que não apresentem as respectivas candidaturas aos concursos de colocação que hoje tiveram início e que, denuncia, “já registam algumas irregularidades”.(...)

os escravos e os burocratas trapalhões

14.04.10, Paulo Prudêncio

Um texto imperdível de Santana Castilho (Fonte: Blogue de Ramiro Marques).

 

 

Os escravos e os burocratas trapalhões

Santana Castilho


"Demorei 40 minutos a ler as 9 páginas do Aviso nº 7173/2010, que indica aos interessados o processo pelo qual se podem candidatar a suprir as necessidades transitórias de pessoal docente para o ano escolar de 2010 – 2011. Considero-me relativamente familiarizado com a linguagem dos burocratas de serviço, à força de tanto tropeçar com ela. Mas esta é tão prolixa que, se tivesse a desdita de me submeter a tal “procedimento concursal”, teria horas e horas de consulta da selva legislativa citada e de descodificação do que se me aplicaria. Leiam os portugueses cépticos o Diário da República nº 69, 2ª série, de 9 de Abril, páginas 18354 a 18362.

Se a forma me revolta, o espírito enoja-me. A que chamam necessidades transitórias? A milhares de postos de trabalho, em horário completo, que se repetem sistematicamente, ciclo após ciclo. Em 2009 – 2010 foram assim preenchidos cerca de 15.000 lugares. A estes acrescem outros tantos “tarefeiros”, que garantem as actividades de enriquecimento curricular, e mais uns milhares com horários incompletos. Para subsistirem, escravos do século XXI, os professores contratados concorrem a tudo de olhos vendados e alma amordaçada.

Recebo narrativas de vidas de professores que há 15 anos são sistematicamente colocados em horários completos. E gente sem vergonha continua a chamar a isto “necessidades transitórias”. Estes professores não podem ter vida conjugal. Não podem ter casa. Não podem dar estabilidade aos filhos. São vítimas de um nepotismo executivo que arrasta esta situação há 36 anos.

Sei do que falo e tenho autoridade para falar. Quando, há 28 anos, integrei o Governo, já o problema se punha. Fiz depender a minha entrada da aceitação, entre outras medidas, da contratação definitiva de todos os professores com 3 anos seguidos de serviço docente, em horário completo. O diploma foi feito e a medida foi publicamente anunciada, não para 3 mas para 5 anos. Já na altura argumentava, com cobertura do ministro da Educação, Fraústo da Silva, e do primeiro-ministro, Pinto Balsemão, que era imoral e insustentável que o Estado exigisse aos particulares a contratação definitiva ao fim de 3 anos de precariedade e depois não cumprisse ele, Estado, aquilo que exigia aos outros. A medida não passou do papel e foi uma das causas da minha demissão.

Os concursos, que estavam estabilizados, eram relativamente simples e funcionavam relativamente bem, tornaram-se cada vez mais complexos e iníquos. A precariedade e a instabilidade tornaram-se escandalosas (nos últimos 3 anos saíram dos quadros mais de 14.000 professores e não chegaram a 400 os que entraram) e os burocratas ficaram trapalhões. Cada vez que abre um concurso, a trapalhice aflora. Ela aí está instalada, mal abriu este.

Estando lá e resultando da leitura cruzada de vários diplomas que se aplicam, a FENPROF não viu que no aviso em epígrafe é considerado o resultado da contestada avaliação do desempenho, para efeitos de graduação profissional. Assim o afirmou de manhã, para se contradizer à tarde. Dispondo a aplicação informática da Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação de campos distintos para averbar a menção quantitativa e a menção qualitativa da classificação profissional dos docentes, rapidamente se verificou uma situação caricata, gerada pela incompetência que grassa: como é sabido, se um professor recebeu 9 de menção quantitativa, a que corresponderia um Excelente que não viu outorgado (regime de cotas para os excelentes), mais verificou que a cegueira da aplicação informática não lhe aceitava o 9 da avaliação quantitativa. Apenas se compadecia com um 7, por exemplo, que ele não teve. Ou seja, a burrice da coisa (ou dos coisos, que gente não são certamente) penaliza-o duplamente.

Surpresa? Não para muitos. Assim como um peixe pode nadar para aqui e para ali mas não pode passear-se em terra nem voar pelo céu, o celebrado Acordo só poderia dar nisto. Mais de 3 meses de conversa fiada deram, espremidos, tudo legalmente na mesma. Na mesma uma avaliação do desempenho sem rei nem roque, a que juntaram mais uma excrescência mole: apreciação intercalar, de seu nome. Terminarão premiados os oportunistas que avançaram para o Bom e Excelente, contrariando o que Mário Nogueira garantiu ao povo? Em boa verdade, presumo que mais um jogo conciliatório de cintura o evitará a breve trecho. Mas porque nenhuma legislação o modificou, terão então a protestar, com razão legal, os que se virem rapados de um ou dois valores de majoração, para efeitos de concurso. Uma trapalhada, sem volta a dar-lhe, que começou quando não suspenderam o que só podia ter o lixo por destino.

Na mesma o estatuto, com titulares e não titulares e horários de escravidão e inutilidades. Na mesma os planos de estudo, sujeitos á cosmética dos esteticistas do regime. Na mesma o estatuto do aluno, reforçado com o branqueamento de inquéritos inoperantes e promessas de modificações que já existem. Na mesma a gestão das escolas, transformadas em pequenas ilhas de tirania, em locais de subjugação, de vivência dolorosa e inútil.

A Educação nacional é governada por “snipers” da portaria e do despacho, que usurparam a democraticidade, destruíram a cooperação e ocuparam os centros de decisão com a política dos políticos, estejam eles no governo ou nos sindicatos."