nuvem financeira
Tudo começou assim: o ME de Maria de Lurdes Rodrigues retirou aos professores a quase totalidade da redução da componente lectiva para o exercício de cargos (e acrescentou mais umas coisitas como os agrupamentos de escolas e o fim de muitos órgãos de gestão) e com essa simples medida reduziu em cerca de 20 mil o número de professores, contribui decisivamente para a redução do défice orçamental e tornou-se uma estrela financeira no conselho de ministros.
Desde aí, e com um secretário de estado embevecido com o taylorismo e outro alucinado com o eduquês e com a despachite incontinente, o ME construiu um pacote de diplomas supervisionado pelo omnipresente Ministério da Finanças e por essa central de má burocracia e engenharia sociológica e financeira que se intitula como gestora dos recursos humanos da função pública.
Essa mistura explosiva produziu um bloco de diplomas com sentido único: impor às escolas públicas uma hierarquia férrea, dirigida do topo da 5 de Outubro mas supervisionada por S. Bento e pelo Terreiro do Paço e composta por burocracia sem fim, de modo a "proletarizar" e embaratecer de imediato e a prazo os recursos humanos do sistema escolar.
Pode argumentar-se com a contenção financeira, mas como já todos sabemos havia muito mais para além disso. Excederam-se. Foram contaminados pelas teorias que mais contribuíram para a hecatombe financeira mundial. Muitas das decisões em nada serviram esses objectivos de poupança, bem pelo contrário. Foram medidas incompetentes e que devastaram o poder democrático das escolas. Mas não se dão por vencidos. Ora leia.
Professores perdem estatuto especial na Função Pública
"Os sindicatos ficaram surpreendidos com a proposta de Estatuto da Carreira Docente que o Ministério lhes fez chegar ontem à noite e determina que o recrutamento e a mobilidade dos professores passará a ser gerido pelas Finanças. «Isto nunca esteve em cima da mesa», garantiu ao SOL João Dias da Silva, da FNE.(...)"