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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

explosivo e inadmissível

06.01.10, Paulo Prudêncio

 

 

 

Quem está no terreno sabe que este último ciclo da avaliação dos professores não teve pés nem cabeça. São tantos os casos inenarráveis, alguns do mais despudorado e oportunista que me foi dado conhecer, que chega a ser enjoativo fazer o seu relato.

 

Mas quem ler as estratosféricas declarações da actual ministra da Educação, só pode chegar a uma conclusão: esta coisa vai correr muito mal. Cansa, lutar cansa, sabemos que sim, mas, e que raio, este governo ps está teimosa e obstinadamente a prestar um "serviço à nação"; é esse o fatalismo que acompanha o seu chefe e que não haja a mínima dúvida desse facto. Só nos faltava agora que a tal ministra sorridente se pusesse a branquear o ambiente de farsa e de fingimento de todo este processo.

 

 

Mais de 80 por cento dos professores foram classificados com Bom

 

"A ministra da Educação revelou hoje que 83 por cento dos professores foram classificados com Bom no último ano lectivo, uma percentagem que, segundo ela, vem mostrar que os docentes com melhores notas do que esta devem ser distinguidos com uma progressão mais rápida na carreira.(...)"

 

virtudes

06.01.10, Paulo Prudêncio

 

 

 

Uma grande virtude dos professores que mais têm lutado por aquilo que acreditam ser a razão em defesa do poder democrático das escolas portuguesas, tem sido a sua coerência de posições com algum desprezo pelo taticismo.

 

E como se tem visto, essa quase heróica caminhada, que começou contra quase tudo e quase todos e representada por uns 20 por cento dos professores, se tanto, vai tendo os seus resultados. Se olharmos para o que se passava no início de 2008 e se compararmos com o momento que estamos a viver, então é caso para afirmarmos que muitas batalhas foram vencidas mas que há ainda um longo caminho a percorrer.

 

Mas esse caminho, e se me permitem, não deve ser pisado com pressas nem precipitações e muito menos com entendimentos ou acordos de circunstância. Temos de acreditar na força da razão. E quando escrevo isto, não estou a pensar em qualquer milagre financeiro, mas no derrube dos incompetentes diplomas que dividiram a carreira com critérios injustos, numa avaliação assente em dimensões imensuráveis, insuportavelmente impregnada de má burocracia, protagonizada por avaliadores deslegitimados e não reconhecidos pelos seus pares. E como se não bastasse, tudo isto está associado a um modelo de gestão que descredibiiliza tudo em que toca.

 

E a firmeza exigida não pode estar ao sabor desta ou daquela oscilação do que se julga ser a opinião pública e muito menos condicionada por qualquer calendário eleitoral. A dignidade não tem preço e as vitórias mais saborosas precisam de um tempo que não é nada fácil de suportar e que exige inúmeros momentos em que se tem de respirar bem fundo.

circunstâncias pessoais e contra uma mistificação (reedição)

06.01.10, Paulo Prudêncio

 

 

(encontrei esta imagem aqui)

 

(Republico este texto por questões que só a mim me dizem respeito. A 1ª edição ocorreu a 19 de Junho de 2009).

 

Subscrevi um pequeno texto (contra a avaliação de docentes enquanto mistificação) que tem gerado alguma polémica no seio da justa luta dos professores. A sua primeira publicação ocorreu na edição impressa do jornal público do dia 13 de Junho de 2009. Seguiu-se a divulgação pelos diversos blogues de professores e retive-me numa leitura atenta dos diversos comentários. Mantive uma silente contenção e esperei que a poeira assentasse um pouco. Já se sabe que neste tempo de turbilhão informativo e de vórtice inaudito as partículas granulosas não teimam em regressar ao sossego; e o meu cérebro exige-me disciplina.

 

Talvez nem perca muito com esta decisão de apenas entregar o relatório crítico de avaliação como sempre fiz. Se for penalizado pelo não preenchimento da ficha de auto-avaliação é algo que só a mim me diz respeito. De pouco me vale invocar os valores monetários que fui desperdiçando ao longo da vida em nome da coerência de ideias ou de atitudes. Os que me conhecem sabem que sou tolerante e diplomata, mas que também me regulo por uma firme e determinada exigência individual com total respeito pelas posições dos que convivem comigo. Não adiantaria invocar, ainda, outros momentos da minha vida onde algo de semelhante aconteceu; e nem sempre venci. 

 

Subscrevi o texto em causa por solidariedade com quem o fazia, com a intenção de o fazer quase sempre às causas e aos amigos e para reafirmar a coerência em não participar na mistificação em que se inscreve o actual modelo de avaliação. Transmiti isto aos meus colegas assinantes. 

 

Sei que posso parecer exorbitante com isto que estou a escrever. Mas é assim. E nada mais acrescentarei no domínio das minhas circunstâncias individuais. Nem herói nem mártir como sempre fiz questão de afirmar.

 

Tenho, naturalmente, muito mais palavras para escrever sobre a auto-avaliação em termos técnicos, políticos e jurídicos. Darei conta de tudo isso quando os meus critérios julgarem oportuno.