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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

pequenas e grandes forças

03.01.10

 

Foi daqui.

 

 

Não serem sugados pelas forças institucionalizadas, tem sido um dos méritos dos blogues de professores.

 

E lembrei-me disto ao ler a excelente entrevista ao filósofo José Gil na Pública de hoje. A páginas tantas responde assim:

 

 

Pergunta: "Diz no seu livro Portugal, Medo de Existir que o espaço público deixou de existir e que foi substituído pela comunicação social. É esta que dita que o movimento se faça numa direcção ou noutra."


Resposta: "Acho que é cada vez mais isso. A comunicação social suga essas pequenas forças, que não estão ainda institucionalizadas."

 

 

 

a mesma mão

03.01.10

 

Foi daqui.

 

 

 

Chega. Basta. O ministro da Educação José Sócrates não tem remédio. Tomou os professores de ponta, e tem a guarida, como teria outro qualquer, dos políticos e dos técnicos que vivem na órbita do ministério da Educação e que têm horror às salas de aula e ao ensino. Este chefe de governo impede o que quer que seja que proporcione um outro clima que possibilite a recuperação da escola pública.

 

Dá ideia que José Sócrates tem a rosa na mão; vá lá saber-se porquê. Há quem diga que a volúpia do poder é o cimento que une nos grandes partidos; lá sabem do que falam. Há uma certeza que é, para os que conhecem bem este problema, uma coisa já antiga: os professores foram os escolhidos e são usados como "carne para canhão". É disto que fala quem diz que este primeiro-ministro está a arruinar a escola pública.

babel II

03.01.10

 

 

 

 

Foi daqui.

 

 

(Babel II porque certa vez escrevi um texto que intitulei de Babel - foi algures no ano passado -. Mas a coisa está a ficar de tal maneira que resolvi rescrever e editar).

 

 

É já uma coisa descomunal esta teimosia (ia escrever patologia) governamental que considera a possibilidade de seguir em frente com esta avaliação doentia. O problema arrasta-se. Rapidamente se conclui que as três ou quatro ideias de tipo salvífico em nada resultaram e que só conseguiram aumentar o ruído ensurdecedor em que está mergulhada a escola pública portuguesa.

 

O tempo mediático é o que é e os assuntos na actualidade tendem a frustar quer os críticos quer os apoiantes das políticas: os estruturais e os conjunturais.

 

O conhecimento desta avaliação clarifica dois aspectos: o muro de invenções técnico-pedagógicas em que se transformou o ministério da Educação carece de uma "implosão" e o modelo de avaliação do desempenho é inexequível e contém uma ideia de escola e do exercício do professor que está na génese deste conjunto de políticas devastador para a escola pública.

 

Já escrevi muito sobre estes assuntos, mas reforço duas questões:

  • as invenções técnico-pedagógicas que preenchem a formação de professores em Portugal contaminam o próprio ministério da Educação e infectam as políticas de gestão e organização do sistema escolar. Quem conhece a semântica que envolve a organização escolar, percebe que a sua imperativa evolução organizacional nunca se fará do labirinto em que estão enredados os chamados "cientistas da educação";
  • a questão das quatro dimensões que integram o "perfil funcional" do professor segundo o modelo de avaliação. Embora se saliente amiúde a primazia do ensino e da observação das aulas, a avaliação nas outras três dimensões (ética, formação ao longo da vida e relação com a escola e com a comunidade) provoca o caos com um volume interminável de má burocracia.

A discussão à volta do perfil funcional e das quatro dimensões é nuclear e ajuda a questionar as nossas desigualdades económicas e sociais que provocam taxas de abandono escolar que nos envergonham. 

 

Sabe-se que a escola, actuando de modo isolado, não resolverá esse problema. É uma questão mais vasta e da responsabilidade da comunidade educativa. O que se tem feito é propalar a necessidade de desenvolver o espírito de "missão" na profissionalidade dos docentes, como se estes não estivessem "cansados" de o identificar, avaliando-os com o tal perfil e nos anos todos. E esta decisão explica muitas outras (tipo de ocupação da componente não lectiva dos professores, ideia de que trabalham pouco e só dão aulas) que mais não fazem do que desresponsabilizar a restante comunidade no combate ao referido abandono.

 

O abandono escolar é tão grave que é espantoso como ninguém presta contas: nem as autarquias com os seus serviços sociais, nem o poder central.

 

Se juntarmos ao que foi escrito a ideia de reduzir a todo o custo as despesas com os salários do professores encontramos uma explicação para o estado onde se chegou.

 

Se continuarmos por este caminho, de trazer tudo para dentro da escola atribuindo-lhe esta impossibilidade de funções e associando-lhe a degradação do estatuto social dos professores, acontecerá o seguinte: as famílias endinheiradas colocarão os seu filhos no ensino privado e as escolas do estado serão um "armazém" desqualificado e desqualificante e a tempo inteiro. É o fim do ensino na escola pública e uma preocupação civilizacional muito séria.

 

(E podia acrescentar os contornos do modelo de gestão escolar em curso).

 

caramel

03.01.10

 

 

 

(Revi este belo filme, ontem à noite, na rtp2.

Republico o post sem qualquer alteração.)

 

 

 

Já tinha escrito: a programação dos cinemas alternativos da capital passa pelo CCC das Caldas da Rainha. Penso que é para manter e ainda bem.


"Caramel" de Nadine Labaki foi, hoje, dia 8 de Julho de 2008, o escolhido. O excelente pequeno auditório, tirando as desconfortáveis cadeiras, claro, quase cheio a uma segunda-feira. O filme franco-libanês fugiu por completo aos estereotipos esperados: em Beirute, cinco mulheres num cabeleireiro é o ponto de partida para uma viagem interessante ao mundo que envolve aquela sociedade do médio oriente. Problemas de mulheres e dos que têm o privilégio de com elas construir projectos de vida.


Um filme belo. Divertido, incisivo no que aos costumes se refere, tranquilo mas com mudanças muito interessantes no ritmo e na sequência das cenas. Parecia um filme escrito por Almodóvar e filmado por Kusturica.


Coisa bela e que recomendo. Na ficha do jornal público pode ler-se:

 

"Em Beirute, cinco mulheres cruzam-se num salão de beleza, um microcosmos colorido em que várias gerações se encontram e partilham segredos e intimidades. Layale é amante de um homem casado e vive na esperança que ele deixe a mulher um dia. Nisrine é muçulmana e vai casar-se em breve, mas já não é virgem e teme a reacção do futuro marido quando ele descobrir. Rima vive atormentada pela sua atracção por mulheres, especialmente uma cliente do cabeleireiro. Jamale vive obcecada pela idade e pelo físico. E Rosa sacrificou a sua vida pessoal para tratar da irmã. No salão, os homens, o sexo e a maternidade são os temas de conversa. Conversas íntimas, que gozam de uma liberdade que não têm no mundo exterior".

 

 

Um caramelo irresistível, digamos assim.

 

Encontrei um vídeo de 7 minutos.

 

Ora clique.