desplante

Fiz há dias um tipo de benchmarking com um amigo que se movimenta no universo da gestão das empresas privadas e que não percebia lá muito bem o que se passa na nossa Educação. Dei-lhe dois maus exemplos de gestão, muito mediatizados, no âmbito do ministério da Educação: concursos de professores e avaliação do desempenho.
Em ambos os casos tentou-se generalizar novos modos de operar sem testar em amostras significativas.
- Nos concursos de professores de 2003 o caos foi o que se sabe com uma aplicação informática construída sem bases de profissionalismo e em desrespeito pelos sistema escolar.
- Na avaliação de professores de 2008 fez-se o mesmo: um modelo incompetente foi objecto de uma tentativa de imposição e logo a 140 mil professores ao mesmo tempo; um desastre total como se sabe e que dois anos depois ainda não tem fim à vista e proporciona momentos inacreditáveis de farsa e de fingimento.
O meu amigo nem queria acreditar (ele até vive em Portugal, percebi que estava a dissimular o desconhecimento, mas fui tolerante com um homem que tem com o partido a mesma fidelidade que manifesta ao clube de futebol). Disse-me que na área em que se movimenta tal seria impossível. Contou-me o caso de uma empresa onde era membro do um conselho de administração e que, e num momento de crise, uma parte desse órgão decidiu-se por mudar as lideranças executivas e intermédias. Os neófitos não tardaram em impor uma série de procedimentos administrativos também sem a submissão a um processo de teste e com o argumento de serem os únicos instrumentos que conheciam. A coisa correu mal, acabaram todos despedidos, tiveram de indemnizar a empresa e repor os recursos financeiros que tinham auferido.
Nada que se compare com o que se passa no sistema escolar, chegámos ambos à conclusão. Também lhe disse, que, e ao julgo saber, os responsáveis pelos desastres que relatei, não indemnizaram quem quer que fosse e ainda foram ocupar lugares (sim, lugares, porque liderança é outra coisa, mais rara e requer legitimação à séria) em executivos de empresas públicas - ou privadas mas com a mesmas fontes de financiamento das públicas -, ou noutras pastas nos governos seguintes ou ainda em assessorias dos órgãos de soberania.