à volta dos minaretes
No relatório de Jacques Delors, "A educação - um tesouro a descobrir", as questões do multiculturalismo e do relativismo cultural têm uma abordagem interessante e polémica.
Defende-se que o fenómeno do multiculturalismo contribuiu na europa para acentuar as bolsas de "ghetização" com todas as consequências conhecidas. Invoca-se como negativa a preservação a todo o custo das matrizes culturais de origem por parte das comunidades imigrantes que se iam "ghetizando", digamos assim.
O que se propõe é a ideia de interculturalidade, persuadindo as diversas comunidades, através da educação, para a "normalização" de costumes que assentem num valor primeiro: a liberdade entendida como impossibilidade de invasão no espaço de liberdade do outro. É também neste patamar de discussão que se coloca a questão dos "véus escolares", dos minaretes e até da "teoria da conspiração" que advoga a cobertura financeira do actual regime iraniano.
Estamos numa encruzilhada?
Claro que estamos. Mas só há uma solução: tolerância, muita persistência e uma corajosa e dura atitude de não desistência. A história não deve registar um qualquer caminho de luta pela liberdade que se tenha feito só com vitórias e sem vítimas brutais e injustiçadas. É assim a natureza humana e os tempos nunca mudam tão depressa: só o afastamento histórico nos permite perceber melhor as épocas que fomos vivemos. Antes como agora.
Discriminação contra muçulmanos está a aumentar na Europa
"O voto contra os minaretes na Suíça é só um sinal. Dos palcos políticos à Internet, por toda a Europa emergem manifestações de medo ou desconfiança em relação aos muçulmanos. Há indicações de que a discriminação está a aumentar, dizem especialistas ouvidos pelo PÚBLICO. (...)"