Foi daqui.
O PSD abandonou a ideia de suspensão do modelo de avaliação de professores rasgando o "Compromisso da Educação" que tinha assinado com os movimentos de professores, deixando com essa atitude desiludidos muitos dos que confiaram nesta "plataforma" dos partidos da oposição. Não vou, neste texto, discorrer sobre o que está a acontecer na luta dos professores e do poder democrático da escola, mas tentarei apenas invadir a esfera dos compromissos que não se cumprem e das fidelidades à ideia da escola pública de qualidade para todos.
Não gosto de advogar-me um estatuto de adivinho, mas escrevi antes das legislativas uns textos que não foram muito bem aceites pelos meus colegas resistentes, como por exemplo este, onde registei a minha impressão para a necessidade de se quebrar a nefasta lógica de arco-do-poder.
Pugnei por essa quebra, porque percebi que, com mais ou menos demagogia, era do lado de fora dessa ambiência que se encontrava uma resposta com rumo e significado para a encruzilhada em que se encontra o nosso sistema escolar. Bem sei que o discurso de Ana Drago, por exemplo, não cola com o eduquês que inunda o programa para a Educação do bloco e que as intervenções de alguns dos deputados da CDU estão emaranhados no muro de má burocracia que asfixia o ensino - esta organização responde às minutas com mais minutas, soluciona o excesso de má burocracia com excrescências de má burocracia, revela o mesmo afastamento das salas de aula e tem horror à supressão de procedimentos que é o único caminho que pode salvar o nosso sistema escolar -.
Sempre disse que a agenda do actual PS tinha tiques e inscrições miméticas em comparação com as dos seus parceiros do arco-do-poder e que era abençoada e estimulada pela cooperação estratégica com Belém. E mais: separa-me dessas organizações um princípio básico: é para mim inaceitável que se sustente a asserção "privatização de lucros e nacionalização de prejuízos" em qualquer área da governação, mas muito mais ainda na Educação básica - para já não referir a secundária e a superior como é máxima nas nações desenvolvidas -.
O PSD rasgou, sem qualquer convicção e com um exasperante oportunismo, este modelo de avaliação para caçar os votos dos resistentes e rasga agora o "Compromisso da Educação" para não perder o lumpen. Não adianta esperar transmutações de carácter, nem nas pessoas nem nas organizações: o genoma dos princípios é também infalível e nos momentos mais sobreaquecidos dá sempre sinal de si.