mitos sobre o ensino
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O blogue da APEDE lança uma discussão sobre os mitos do ensino: o primeiro está aqui.
Pode acompanhar de forma sistemática a edição dos mitos se clicar aqui.
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Cortesia da Isabel Seno.
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Um texto concludente sobre o estado da gestão escolar em Portugal; aqui.
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"Poderia o nosso Ministério da Educação ser diferente?
Uma leitora do De Rerum Natura deixou um comentário crítico a um texto que antes publiquei, onde questionava algo da política do Ministério da Educação. Subentendido nas suas palavras estava a ideia de que eu, tal como muitas outras pessoas, rejeito qualquer responsabilidade no (mau) estado da educação, imputando-o directa e linearmente aos decisores políticos.
Tentarei esclarecer, neste texto, que essa está longe de ser de ser a minha posição. O que penso sobre o assunto é bem mais preocupante.
Caso eu considerasse que os males da educação decorriam desta ou daquela equipa governamental, teria a esperança de que, quando ela fosse substituída, algo mudaria, eventualmente para melhor.
Porém, ao fazer um balanço dos tempos mais recentes, percebo que, com oscilações menores, as medidas da tutela e as práticas que delas decorrem, não obstante o ar de inovação e o aparato com que são apresentadas, têm mantido uma constância perturbadora num aspecto que é essencial: a aprendizagem dos alunos
E porque é que, apesar das divergências, os partidos mais à esquerda e mais à direita tendem a dizer ou a fazer o mesmo? Porque, entendo eu, eles sabem que o que dizem e fazem é aquilo que nós, como sociedade, de facto, pensamos e queremos.
Que partido teria coragem de defender que o ensino, mais do que respeitar os interesses e as necessidades dos alunos ao ponto de os tomar como metas educativas, deve modificá-los no sentido do que é tomado por educação desejável? Que a aprendizagem direccionada (só) para o quotidiano social, cultural, étnico dos alunos, descuidando as suas potencialidades cognitivas, empobrece-os intelectualmente; que a aprendizagem cooperativa, de projecto, de pesquisa não pode nem deve substituir o ensino estruturado; que não há garantias que as tecnologias da informação e da comunicação constituam uma grande ou pequena revolução pedagógica; que, por princípio, os encarregados de educação e pais não se devem pronunciar em matéria de ensino formal, pois este constitui uma actividade técnica que só os professores dominam com a competência de especialistas; que as actividades lúdicas e as actividades formais devem estar devidamente separadas e sequenciadas no espaço e tempo escolares; que a noção de escola inclusiva levanta as maiores dúvidas, do ponto de vista de desenvolvimento daqueles que mais dificuldades têm; que as crianças e jovens não devem, em circunstância alguma, avaliar os professores; que a escola a tempo inteiro acarreta problemas dos quais ainda mal conhecemos os contornos; que as câmaras de vigilância nos recreios, em substituição de pessoas, não educam; que o conhecimento tem valor e que a escola não o deve dispensar ou aligeirar em nome seja do que for; que todos os sujeitos têm direito a uma educação elitista, mesmo aqueles que seguem vias profissionalizantes?
Trata-se de ideias impopulares, de crenças que se desviam muito do politicamente correcto, esse modo de pensar que caracteriza o momento que atravessamos e que é um momento “soft”, “relativista”, da opinião fácil, da mobilização em função de conveniências próprias.
Do que afirmei até aqui se deduz que considero sermos todos responsáveis pelo estado em que a educação se encontra e que nos faz interrogar sobre a capacidade de educarmos as novas gerações. Percepção essa que se agudiza em períodos de avaliação nacional e internacional, e que nos faz escrever em jornais e blogues e falar em programas de rádio e de televisão, sem termos a esperança de conseguir mudar muito.
Quando digo que todos somos responsáveis penso em encarregados de educação e pais, professores, autarcas, formadores de professores, "cientistas da educação” (sim, também me incluo), protectores de menores, programadores do ensino, directores de escolas, pessoas com interesses económicos e, claro, os políticos...
Nesta amálgama social faço, porém, uma destrinça entre aqueles que supõem que estão a pensar e a agir em função do bem comum, e aqueles (que os há) a quem convém manter, sem o dar a perceber, um razoável nível de ignorância.
Mais grave é perceber que a situação que acima referi não se restringe às nossas fronteiras. Se lermos autores que lançam um olhar atento para as políticas de ensino de países próximos - espanhola, inglesa, francesa, alemã, etc. - encontramos o mesmo cenário, que D. Schwanitz sintetizou em palavras bastantes azedas: “em poucas áreas se mente tanto como na política educacional e escolar”. E mente-se porque, definitivamente, pouca gente quer saber a verdade.
Livro referido: Schwanitz, D. (2004). Cultura: Tudo o que é preciso saber. Lisboa: Dom Quixote, páginas 25-30.
Postado por Helena Damião aqui"
Precisa-se de matéria prima para construir um País.
Eduardo Prado Coelho - in Público (republico em sua memória)
A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país.
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre valorizada, tanto ou mais do que o euro. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos passeios onde se paga por um só jornal, E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa, como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a um país:
-Onde a falta de pontualidade é um hábito;
-Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
-Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os esgotos.
-Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
-Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens dizem que é 'muito chato ter que ler') e não há consciência nem memória política, histórica nem económica.
-Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar a classe média e beneficiar alguns.
Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações médicas
podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.
-Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe dar o lugar.
-Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o peão.
-Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos sempre a criticar os nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem corrompi um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta. Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa. Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não noutra parte...
Fico triste.
Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve Sócrates e nem servirá o que vier.
Qual é a alternativa ?
Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror ? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados.. . igualmente abusados ! É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda... Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.
Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos:
Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.
AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.
E você, o que pensa ?... MEDITE !"
Cortesia da Isabel Seno.
Da pena do genial Antero.
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Pensei muito bem no que vou escrever a seguir. E fi-lo pelo simples facto de ao ir relatar por aqui estados de alma que apenas interessam às minhas circunstâncias pessoais poder parecer exorbitante. E mais do que parecer, interessa-me apenas o conforto que a minha face me transmite no lugar diário que o espelho me reserva. Mas como o risco parece nunca se desassociar do meu caminho, só me resta obedecer à minha livre consciência.
E para que não sobrem quaisquer dúvidas, não estou ligado a qualquer dos processos eleitorais em curso no ano de 2009. Nem com os dos partidos políticos, nem com os de qualquer das outras organizações que enquadram os devires de cidadania na nossa sociedade.
Bem sei que tenho uma já antiga limitação: só faço uma coisa de cada vez. E antes como agora, continuo do único lado que a actualidade me desafia: a defesa da escola pública de qualidade para todos.
(1ª edição em 18 de Abril de 2009)
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Os professores que combatem o novo modelo de gestão pela via jurídica obtiveram mais uma vitória: a terceira. Ora leia aqui.
Um vídeo muito interessante. Ora clique.
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«A presidente do PSD prometeu hoje que, caso vença as eleições legislativas, mudará os estatutos do aluno e da carreira docente, o sistema de avaliação dos professores e aliviará a carga burocrática a que estão sujeitos. E que alterações fará? Não disse. Ou porque nem mesmo ela sabe, ou porque sabe e vê vantagens em omiti-lo. Manuela Ferreira Leite apenas tem como certeza a de que este tipo de promessas veladas cai que nem ginjas em certas franjas do eleitorado docente que, ao ouvir falar em mudança, imediatamente se prontifica a confiar-lhe o voto, encarando como remota a possibilidade de que um partido com o apetite privatizador do PSD “emagreça” o Estado também no ensino. E de que servirá reformar a escola pública se não houver escola pública? Alguém que o pergunte MFL.» Fonte: blogue "O país do burro", aqui.