(encontrei esta imagem aqui)
A jornalista Clara Viana, do jornal Público, escreveu uma excelente peça a propósito da avaliação de professores e publicou-a na edição impressa do passado sábado; pode ler aqui. O artigo tem um conteúdo muito informado e faz uma boa análise a partir do último relatório do Conselho Científico para a Avaliação dos Professores.
Tenho feito vários posts sobre o tema onde o ponto de partida da discussão inscreveu-se também no referido relatório.
Há dois aspectos que desde logo me provocaram um sorriso e que confirmam não só o desajustamento dos diversos diplomas legais como a sua clara desarticulação com ideia de autonomia e de responsabilidade da gestão escolar.
Fica claro que o actual governo pretendeu eliminar a despesista (ideia expressa pela senhora ministra) gestão colegial e transformar as escolas em meras repartições públicas (e uso esta expressão, que a ainda ministra da Educação também utilizou, para qualificar as repartições do estado que funcionam em registos anteriores à sociedade da informação e do conhecimento) que devem obedecer de forma férrea e em hierarquia rígida aos ditames do poder centralizado e inundado de má burocracia do estado português na área de Educação.
O novo regime de gestão "tornou mais complexa a operacionalização da avaliação, sobretudo pela criação de megadepartamentos e adopção de um modelo de gestão unipessoal" diz o relatório e é citado na peça da jornalista Clara Viana.
E esta constatação é óbvia e trágica.
No segundo caso referido, é mesmo descomunal que alguém seja considerado como capaz de avaliar com rigor centenas de professores na imensurável componente funcional (se não sabe de que estou a falar, clique aqui). Muito mais se podia escrever sobre este assunto. Mas só quero advogar mais uma constatação óbvia: não admira que as pessoas que ocupam pastas de governo na Educação acreditem nesta possibilidade, uma vez que também instituíram o procedimento que confere a um director Regional da Educação o poder da avaliar anualmente todos os órgãos unipessoais das escolas da sua jurisdição, que, como se sabe, podem ser de largas centenas, e que beneficiaram do silêncio dos professores que se candidataram no âmbito do novo modelo de gestão.
Perante a actualidade, espera-se um primeiro passo: a suspensão do modelo de avaliação, como têm sublinhado alguns partidos políticos mas também o blogue de Paulo Guinote, aqui, e de Ramiro Marques, aqui.
Estranha-se o silêncio dos sindicatos de professores.