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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

entrevista ao primeiro-ministro

17.06.09, Paulo Prudêncio

 

 

(encontrei esta imagem aqui)

 

Vi com alguma atenção a entrevista ao primeiro-ministro e assisti ao habitual rescaldo.

 

Percebi que o chefe do governo deixou "cair" a pessoa que ocupa as funções de ministra da Educação e que classificou a avaliação de professores, entre outras coisas, de complexa e burocrática. Não se referiu ao estatuto da carreira de professores nem ao inenarrável modelo de gestão escolar. Fala-se da tentativa de criar um "homem novo" para as eleições que se avizinham e reconhece-se a importância da justa, e muito difícil, que começou contra quase todos, luta dos professores portugueses. A nossa inevitável vitória em nome da razão, da defesa da escola pública e do seu ainda tímido poder democrático, começa a fazer o seu inexorável caminho.

 

Esta mudança está muito longe de chegar. Muito longe mesmo. Não basta propalar intenções, é necessário mudar políticas, suspender diplomas e dizer toda a verdade; custe o que custar. Quem erra corrige, mas corrige mesmo. Chega de farsas. Agora é tarde para cosméticas de última hora. Ninguém se esquece dos inacreditáveis ataques ao professores portugueses. Ouço dizer que estará para breve um confronto entre dois blocos: o social de esquerda contra o social de direita.

 

Vamos aguardar. Amanhã é outro dia e a luta está bem viva como sempre. O chefe do governo disse que estava bem consigo e nós também nos sentimos muito bem com o que temos feito.

 

Ligações aos órgãos de comunicação social:

 

Ao Sol, aqui.

Ao Público, aqui.

Ao Expresso, aqui.

Ao DN, aqui.

 

 

e isso ainda existe?

17.06.09, Paulo Prudêncio

 

 

Fenprof considera inevitável rever Lei de Bases do Sistema Educativo 

 

"A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) considerou hoje inevitável a revisão da Lei de Bases do Sistema Educativo para enquadrar medidas destinadas a uma efectiva reforma na Educação, alertando que, a fazer-se qualquer alteração, deverá envolver toda a sociedade.

A ideia foi defendida pelos dirigentes da Fenprof durante a apresentação do "Livro Negro das Políticas Educativas 2005-2009", em que se faz um balanço negativo da legislatura e que será distribuído em todo o país. 

Segundo a Fenprof, o Governo tem vindo a tomar "medidas avulsas" que precisam de enquadramento, nomeadamente a gestão escolar e o alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos.(...)". Fonte: jornal Público.

 

O ministério da Educação tem tomado tantas medidas avulsas que é mesmo caso para perguntar se ainda existe lei de bases do sistema educativo. A gestão escolar, por exemplo, está desenquadrada da lei e vamos aguardar pela resposta dos tribunais uma vez que os processos de fiscalização seguem o seu lento percurso; mas seguem.

 

tácticas para um final feliz (reedição)

17.06.09, Paulo Prudêncio

 

(encontrei esta imagem aqui)

 

 

Aprecio o contraditório e muitas vezes tomei como minhas decisões com as quais não concordava mas que eram subscritas pela maioria; e isso aconteceu no exercício de direcção de órgãos colegiais. Nunca me dei mal com essa especificidade da democracia, bem pelo contrário: verifiquei sempre as vantagens técnicas e percebi da importância desse fundamento cooperativo na afirmação da liderança.

 

Por outro lado não sou muito dado às tácticas a que obedece a condução dos movimentos de massas. Tenho uma conhecida dificuldade em opinar sobre datas de manifestações ou estilos de greve. Normalmente leio as diversas propostas e espero pelas acções concretas. Analiso os resultados e continuo a tentar desconstruir as políticas com que estou em desacordo.

 

Vem isto a propósito de uma conversa que tivemos na noite do 25 de Abril de 2009 com uma amiga resistente. Dizia ela, e a propósito da indignidade da avaliação de professores se resumir à entrega de uma ficha de autoavaliação do ME associada a uma minuta de desacordo escrita pela plataforma sindical, que este método de antanho poderia ser devastador na opinião pública. Seja lá o que se pense do conceito de opinião pública (e uma delas pode inserir-se na imagem que escolhi para esta entrada), a reflexão da nossa amiga pode ter esse efeito e ser favorável à luta dos professores. Afinal, toda a propalada e rigorosa avaliação, acabava num processo fácil de ridicularizar; seria o desfazer público do monstro burocrático que tanta tecla nos consumiu.

 

E fiquei a pensar de tal modo nessa reflexão que até desenhei um verdadeiro final feliz; abalanço-me então para uma meta-solução.

 

O ME agarrava naquela famigerada solução informática (que para além dos dados biográficos dos professores acrescentava um campo para os objectivos individuais), metia-lhe uns tantos campos da ficha de autoavaliação e inseria os dados num ápice recorrendo ao comando "igual para todos".

 

A plataforma sindical também dava o seu ar moderno e colocava a minuta de protesto num qualquer sítio da internet com a menção "igual para todos".

 

Os órgãos executivos das escolas, principalmente os mais mangas de alpaca, fotocopiavam os objectivos individuais "iguais para todos" ou, e nos casos mais expeditos, introduziam nas suas bases de dados de gestão escolar uma solução semelhante à proposta para os serviços do ME. 

 

Digam lá que não era uma coisa do outro mundo? Tudo muito pós-moderno e uma verdadeira homenagem ao plano tecnológico para a Educação (neste caso sem recurso a novo hardware mas com algum software, e valha-nos isso), e sem a mínima participação dos professores. Seria o canto de sereia dos burocratas que deste modo se posicionavam bem para os processos eleitorais que se avizinham e garantiam mais uma legislatura sem porem os pés numa qualquer sala de aula.

 

Ah, e os professores?

 

Bem, esses entretinham-se a ensinar e a dirigir as escolas.

 

 

relatório ocde

17.06.09, Paulo Prudêncio

 

 

Desta vez não é um relatório "OCDE.pt.bravo.Débora" mas um "OCDE/TALIS" que segundo os especialistas é mais rigoroso e garante um série de empregos de alto nível a investigadores que têm a missão de descobrir o que já se sabe há muito: quem está pelas escolas todos os dias conhece os efeitos de uma sociedade ausente em termos educativos e os resultados nefastos de turmas com mais de 25 alunos e que em muitos casos vão aos 40. Mas este relatório tem desde logo uma vantagem: não se centra nos países Ibéro-americanos mas engloba a maioria dos países europeus. E isso atrapalha o ministério da Educação e da propaganda português. Basta ver as intervenções do secretário da Educação ou ler os jornais online para chegar a essa mais do que conhecida constatação.

 

Faço um resumo do que fui encontrando nos jornais online ou nos blogues que me são referência.

 

Professores portugueses perdem muito tempo a manter disciplina na aula

 

"Os professores portugueses perdem muito tempo na sala de aula até conseguir o ambiente de aprendizagem ideal, confessam num inquérito feito pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), realizado no ano lectivo de 2007/2008. O estudo Criar Ambientes Eficazes de Ensino e Aprendizagem feito em 23 países através de questionários a docentes do 3.º ciclo do ensino básico foi divulgado ontem, no México.(...)" Fonte: jornal Público.

 

E com o advento da escola a tempo inteiro como única solução para a "guarda" e o "armazenamento" das crianças, passaremos a curto prazo de segundos classificados nesse parâmetro de avaliação para um destacado primeiro lugar; garantido.

Indisciplina ‘rouba’ 16 por cento da aula 

"Os professores portugueses são os segundos da Europa que mais tempo passam a impor disciplina na sala de aula. De acordo com os dados do Inquérito Internacional de Ensino e Aprendizagem, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), em Portugal perde-se 16,1 por cento da aula a manter a ordem, o que corresponde a cerca de 15 minutos em cada bloco de 90 minutos de aula. Brasil (17,8%), Malásia (17,1) e Islândia (16,7) são os países nos quais esse valor é superior ao de Portugal. A média da OCDE é de 12,9 por cento.(...)". Fonte: jornal Correio da manhã.

 

Serão os primeiros se nada mudar; mas mudar mesmo. Não é fácil derrubar tanta gente instalada no monstro burocrático da capital com as conhecidas ramificações para o resto do país; são maus burocratas que asfixiam com as suas invenções o ensino, as escolas e os professores e que apoiaram o maior ataque à imagem pública dos professores portugueses que foi perpetrada pelo actual governo.

 

 

O Que O Relatório Talis Da OCDE Efectivamente Diz

 

 

"Ao contrário das piruetas que o ME dá em cima deste relatório (não é de estranhar que nem coloquem link para o dito cujo), o que lá está escrito não seria de molde a entusiasmar nenhum apoiante das políticas educativas deste Governo e muito menos da estratégia de spin usada para colocar as suas evidências e conclusões como coincidentes com as posições do ME no diferendo com os professores. Repare-se na página 63: apesar de os professores portugueses serem os sétimos a gastar mais tempo em formação, são dos que mais se queixam da qualidade e adequação dessa formação. Nem de propósito, sabemos bem que o se tem passado nos últimos anos nesta matéria com a formação afunilada apenas em 3 ou 4 direcções, deixando a larga maioria dos docentes sem uma oferta adequada para a sua área científica." Fonte: blogue de Paulo Guinote. 

E o que vem aí; mais um quadro comunitário de apoio com a indústria do eduquês e da certificação de burocratas a preparar-se e aos saltinhos.

 

Outra conclusão do Relatório OCDE/TALIS: os países com melhores resultados escolares não associam a avaliação de desempenho dos docentes a penalizações ou incentivos financeiros

 

"Noventa por cento dos professores da Noruega, Dinamarca, Bélgica e Irlanda (países muito bem classificados nos resultados do PISA) não esperam quaisquer tipos de incentivos de natureza financeira associados à avaliação de desempenho. Convém ler e reflectir sobre este resultado do Estudo da OCDE/TALIS (...)". Fonte: blogue de Ramiro Marques.

 

 

Obviamente e dada a especificidade da sua actividade. É por isso muito surpreendente, ou talvez não, a seguinte constatação: os sindicatos de professores em Portugal incluem nas suas propostas prémios pecuniários aos professores que mais se "destaquem" em cada ano. 

 

Indecoroso. Página do ME reage desta maneira aos resultados medíocres sobre a indisciplina nas escolas portuguesas (Relatório OCDE/TALIS)

 

"(...)Compare o que está na página web do ME e o que efectivamente é dito no Relatório da OCDE/TALISA propaganda parece não ter limites ali para os lados do Largo do Rato. Não aprenderam nada com a derrota nas eleições europeias. Em quatro anos de governação nunca se ouviu a ministra da educação colocar-se do lado de um professor agredido. Limitou-se sempre a dizer que "são casos isolados". Assim, não é possível discutir o que quer que seja com os spin doctors e comissários do ME. Não existe racionalidade na forma como lêem a realidade". Fonte: blogue de Ramiro Marques.

 É espantoso, realmente.