Agora tinha os pés completamente mortos, os joelhos funcionavam como dobradiças velhas, os rins só actuavam quando lhes apetecia, mas o coração persistia teimosamente em continuar a bater. O passado e o futuro eram a mesma coisa para ele, uma esquecida e outra não recordada; não tinha mais noção da morte do que um gato. Todos os anos, no Confederate Memorial Day, agarravam nele e levavam-no para o Capitol City Museum, onde era mostrado da uma às quatro num quarto bafiento cheio de fotografias velhas, uniformes velhos, artilharias velhas e documentos históricos. Tudo isto estava cuidadosamente guardado dentro de caixas de vidro, para que as crianças não lhes pusessem as mãos em cima. Ele envergava o uniforme de general oferecido na memorável estreia do filme em Atlanta e sentava-se, com um olhar carrancudo completamente fixo, dentro de uma área pequena cercada por cordas. Não havia nada que indicasse que estava vivo a nãos er um movimento ocasional dos olhos cinzentos já enevoados, mas uma vez, quando uma criança mais atrevida lhe tocou na espada, o seu braço saltou para a frente num instante e tirou a mãozinha dali com uma sapatada. Na Primavera, quando as casas antigas abriam para peregrinações, era convidado a vestir o uniforme e a sentar-se nalgum lugar mais conspícuo, para dar atmosfera à cena. Algumas dessas vezes limitava-se a sorrir raivosamente aos visitantes, mas noutras falava do evento e das raparigas bonitas.
187.638 maneiras de dizer coisas
(encontrei esta imagem aqui)
O blogue Terrear tem uma entrada, aqui, que remete para a seguinte notícia do jornal Público:
Um em cada quatro alunos do básico foi sujeito a plano de recuperação
A entrada do blogue diz assim:
"Um em cada quatro alunos do ensino básico foi sujeito a um plano de recuperação no ano lectivo 2007-2008, tendo 74 por cento transitado, mais nove por cento do que no ano anterior, segundo dados do Ministério da Educação.
(...)
O relatório do Ministério da Educação, revela que foram elaborados, no ano lectivo de 2007-2008, 187.638 planos de recuperação, um número idêntico ao ano lectivo anterior."
Continua no Público.
Tudo o que gera mais aprendizagens é bem vindo. Tudo o que fuja à chapa cinco. Tudo o que fuja à lógica do acrescento. Tudo o que fuja à burocracia da papelada e do faz de conta.
Depois de ler a coisa toda, veja lá se faz a mesma leitura que eu faço: são os habituais números, é a má burocracia, é o fingimento e é o faz de conta. E com esta febre centralista carregada de invenções técnico-pedagógicas, descredibilizam-se os esforços dos que ajudam a combater o abandono escolar e também dos que tentam elevar o poder democrático das escolas.