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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

instantes do adeus

31.05.09, Paulo Prudêncio

 

 

A marcha do adeus fica registada, como vai sendo habitual nestas coisas, por objectivas com um aumento significativo da qualidade das imagens. Não sou muito dado a grandes requintes fotográficos - uso apenas o que o telefone me oferece - mas depois dou uma volta pela blogosfera e peço umas autorizações para uns "roubos" mais ou menos descarados. A dificuldade está sempre na escolha para não carregar muito o blogue.

 

Ora aqui vai uma rodada (com uma legenda reduzida e sem a respectiva fonte).

 

 

Fátima Freitas (a incansável organizadora de um jantar de resistentes),

Paulo Guinote (dispensa apresentações) e

Ana Silva (uma resistente de antes quebrar que torcer).

 

 Isabel Seno (maestrina dos famosos "pastelinhos de belém),

Célia Jorge (ex-membro do CE de Santo Onofre),

Isabel Silva (a olhar para trás, ex-membro do CE de Stº Onofre),

Lina Carvalho (presidente destituída do CE de Stº Onofre com mandato até Junho de 2010),

Ana Paula António (docente de EE em Sto Onofre)

e Filomena Ruivo (Coordenadora do Departamento de LPO em Stº Onofre)

 

Fátima Freitas (autora de belos vídeos a apelar à presença

nesta manifestação)

 

 

 Só identifico a Ana Drago (t-shirt preta e mochila verde) que é

deputada pelo BE na Assembleia da República e uma voz

informada e determinada na defesa do poder democrático

das escolas.

 

 

 

Rosário Gama (t-shirt preta e mochila cinzenta) a conhecida

PCE da Secundária Infanta D. Maria em Coimbra.

 

 

 Ramiro Marques (T-shirt meio cinza ou vendo bem, castanha claro,

melhor: o Ramiro está a conversar comigo que estou

vestido de preto) que também dispensa apresentações.

 

 

O secretário-geral da Fenprof no momento em que proferia um discurso

que recebeu muitos elogios.

 

Espero actualizar estes "instantes do adeus" de quando em vez.

rss da marcha do adeus

31.05.09, Paulo Prudêncio

 

 

 

Manifestantes diminuíram mas “revolta na sala de professores continua”

 

(...)“Um, dois, três, já cá estamos outra vez, se isto não mudar, nós havemos de voltar”. Nem com a palavra de ordem gritada ao altifalante a pequena Maria acorda. De todos os docentes a quem se pergunta, nenhum se estreou nesta manifestação, é a terceira vez que ali estão, conformados por desta vez terem menos companhia. No final de 2008 marcharam nas ruas 120 mil professores em protesto (no total, a classe terá cerca de 140 mil), em Março deste ano terão sido 100 mil. Nas contas da Plataforma Sindical terão sido 80 mil os que fizerem hoje o percurso do Marquês de Pombal à Avenida da Liberdade (Lisboa), a PSP fala de 50 a 55 mil.(...)"

 

Percebi dois estados de espírito nesta inesquecível manifestação: por um lado a ideia de adeus (por evidente saturação; assim do tipo: nem me interessa mais nada por agora; é a festa do adeus e ponto final) às pessoas que ocupam pastas executivas neste diabólico ministério da Educação, que têm o apoio do actual governo, do partido político que o suporta (misturada de cooperação estratégica, é bom que se sublinhe) e isso é independente do que quer que venha a acontecer. Mas por outro lado ficou bem vincada a vontade de continuar a luta, de nunca desistir e isso também será independente dos futuro que se avizinha em passos rápidos. Os professores não vão parar na defesa da escola pública, a democracia só tem de lhes agradecer o esforço, a persistência e incrível capacidade de remar contra tantas marés.

 

Sócrates acusa sindicatos de serem instrumentalizados e correias de transmissão de partidos 

 

"O secretário-geral do PS afirmou hoje que há sindicatos que são instrumentalizados e que funcionam como correia de transmissão de partido, dizendo mesmo que há sindicalistas com maior interesse pelas eleições do que pelos seus sindicalizados.
José Sócrates falava no comício de Braga da campanha, referindo-se à manifestação de hoje convocada por sindicatos contra a política do Governo.
O líder socialista fez questão de frisar que as lutas sindicais são legítimas, mas deixou uma nota de condenação em relação ao protesto dos professores.(...)"

 

Este estafado argumento vale o que vale e só pode ter origem na percepção de quem ou não sabe o que fazer ou quer continuar o derrotado jogo de manipulação da  opinião pública. Como se sabe, a história deste grande movimento de professores deve a sua espantosa mobilização aos desígnios da chamada "web 2.0" e aos fundamentais movimentos independentes de professores. Houve fases em que tudo isso assustou, e ainda amedronta, os sindicatos e os partidos políticos mais "mainstream" (os "ministros" das finanças e da administração interna dos sindicatos mais representativos sabem bem do que estou a escrever). Não vale a pena querer continuar a fazer revisionismos históricos. Quando falamos em sindicatos não nos podemos esquecer de nomear a plataforma sindical. São mais de uma dezena os sindicatos de professores com assento e alguns têm tantos sócios quanto dirigentes. Não tenho dúvidas ao afirmar que mais de uma dezena desses sindicatos são correias de transmissão do partido político que apoia o actual governo (mesmo alguns dos que ostentam um número apreciável de sócios). Fazem mais por isso do que pelos interesses do seus associados ou pelo poder democrático das escolas. E o senhor que ocupa as funções de primeiro-ministro sabe-o bem. É evidente que os professores conhecem quais são os sindicatos com quem podem contar e também percebem que algumas das fraquezas que estes evidenciam prendem-se, em parte, com o equilíbrio instável da plataforma. E também saberão reconhecer o verdadeiro papel dos diversos partidos políticos. Aquela ideia de que os eleitores portugueses são sábios não pode servir apenas quando os seus votos nos são favoráveis.

 

Manifestação: Fenprof estima 70 mil pessoas, PSP entre 50 e 55 mil 

 

"A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) estimou hoje em 70 mil as pessoas que percorrem a Avenida da Liberdade na manifestação dos docentes convocada pelos sindicatos do sector, mas a PSP aponta para entre 50 e 55 mil.
Manuel Grilo, do secretariado da Fenprof, garantiu que 70 mil pessoas manifestam-se na Avenida da Liberdade, em Lisboa, percorrendo o trajecto Marquês de Pombal-Restauradores, em protesto contra a política educativa do Governo.(...)"

 

Não sei avaliar isso mas que foi um tarde impressionante em termos de adesão, disso não restam dúvidas.

 

 

80 mil professores manifestam-se em Lisboa

 

"Mário Nogueira, Secretário-Geral da FENPOF, discursou este sábado, em Lisboa, para cerca de 80 mil professores que chegaram de todo o País para participar na manifestação que ligou o Marquês de Pombal aos Restauradores. Na terceira acção nacional do sector desde 2006, o Porta-Voz da Plataforma Sindical dos Professores manifestou descontentamento com o “desrespeito” pelos docentes, e considerou a actual Legislatura “a mais difícil que há memória no Portugal democrático”.(...)"

 

 

Pelo que consegui perceber, o secretário-geral da Fenprof fez um bom discurso com momentos de verdadeira inspiração.

 

 

Professores vão protestar "as vezes que forem precisas"

 

"Na oitava manifestação de professores desde que Maria de Lurdes Rodrigues tomou posse como ministra da Educação, alguns dos 80 mil professores que hoje protestaram em Lisboa disseram à Lusa que voltariam a protestar "as vezes que fossem precisas".

Para Jorge Guimarães, docente de história numa escola secundária de Braga, esta foi a terceira manifestação de professores em que participou.

Usando uma t-shirt com a frase "deixem-nos ser professores", o docente lembrou toda a "injustiça" e "maldade" das políticas educativas do Governo liderado por José Sócrates.

"Hoje estou aqui pela terceira vez e estarei as vezes que forem precisas, de cada vez que o futuro dos meus filhos e dos meus alunos estiver em causa", explicou Jorge Guimarães.(...)"


Que ninguém duvide. Os professores não arredam pé. E sabemos de muitos que só fisicamente estiveram ausentes.

 

 

União dos professores merece ser avaliada 

 

"A greve de quarta-feira fracassara e o momento escolhido para a manifestação era arriscado. O fim de ano lectivo e o período de exames eram, só por si, factores que podiam demover os professores de participarem no protesto. Depois, sendo sábado, implicava a concessão de um dia de descanso e, ainda por cima, com as temperaturas a convidarem muito para a praia, a esplanada, e muito pouco a uma marcha lenta sob um calor acima de 30 graus centígrados.

É por tudo isto que o número de manifestantes que ontem percorreram a Avenida da Liberdade - cerca de 70 mil - não só acaba por surpreender um pouco, como se trata de um sinal de união forte que o Governo deve saber interpretar.(...)"

 

Esta ideia do editorial do jornal DN de hoje é mesmo caricata. Vem com um brutal atraso. Como é isto possível num jornal com o historial que este tem?

 

 

marcha do adeus

31.05.09, Paulo Prudêncio

 

 

 

Depois das três históricas manifestações do ano de 2008 (a da indignação a 8 de Março, a da razão a 8 de Novembro e a da lucidez a 15 de Novembro) e da "manifestação da generosidade" em frente ao Palácio de Belém, a 24 de Janeiro de 2009, estivemos ontem (30 de Maio de 2009), em Lisboa, em mais uma não menos histórica manifestação de professores. A partida para a "marcha do adeus" decorreu a uma hora mais tardia para resguardo de uns cansaços passageiros. O calor apertava e o estacionamento aconteceu perto do Marquês de Pombal. O primeiro contacto, por volta das 15h00, deixou-nos a melhor das impressões. Procurámos a zona intermédia da Avenida da Liberdade de modo a nos protegermos debaixo das árvores e para integrarmos a manifestação com alguma poupança de esforços.

 

 

 

 Os contactos com os bravos de Santo Onofre começaram

e não resisti a voltar ao Marquês para registar

o início da descida triunfal do agrupamento

de escolas onde me orgulho de ser professor.

 

 

  

O primeiro mote que me lembro

de ter registado é bastante elucidativo.

 

 

 O grande Teodoro surpreendia com o seu som sobre rodas.

 

 

 

E tornava-se um imprescindível oxigénio para os manifestantes.

 

 

  

Não consegui acompanhar Santo Onofre durante todo o percurso.

Mas sei que, e apesar da tarde tão abrasiva,

as onofrinas e os onofrinos iam de

cabeça bem levantada.

 

 

 Santo Onofre entra na Avenida da Liberdade e os primeiros

aplausos fazem-se sentir.

 

 

  

Santo Onofre inicia a descida. Organizam-se

as hostes de quem sabe ter paciência para lutar

e de quem acredita que a razão tem muita força

e que acaba, quase sempre, claro, por triunfar.

 

 

 As escolas das Caldas da Rainha estavam muito bem representadas.


 

 

 

Mesmo com uma temperatura de 34º centígrados

os professores enchiam a Avenida da Liberdade

e vinham de todas as zonas do país.

 

 

 

 Enquanto os Restauradores enchiam...


 

 

 

   

... milhares de professores esperavam a sua

vez no Marquês de Pombal para

darem voz à "marcha do adeus".

 

  

 

 

Santo Onofre deixava bem vincado o seu desejo mais local

pela mão de dois professores de eleição. Gerações diferentes

que nos transmitem uma certeza: a dignidade e o orgulho de

se ser professor são ideias com futuro.

 

  

Foi um dia inesquecível e a festa que se esperava. Encontrei colegas que saíram de autocarro do norte do país ainda bem cedo, fizeram a descida da Avenida da Liberdade debaixo da torreira do sol e voltaram ao Marquês para um regresso a casa que só se efectivou noite dentro. Já não eram crianças nenhumas, estavam exaustos com o final do ano lectivo - e com os anos consecutivos da mais completa doideira nas políticas educativas - deixaram a família e perderam mais um dia de justo descanso. Mas mesmo assim ainda diziam com uma firme determinação: "voltaremos as vezes que forem necessárias". É obra e um renovar da esperança. E não eram tão poucos assim os professores que se manifestaram: 80 mil para a comunicação social e sindicatos e 55 mil para a polícia que é sempre mais comedida nos números.

 

Antes do regresso a casa jantámos com um grupo de quarenta inesquecíveis resistentes.

 

Valeu a pena o esforço. A luta já vai longa mas é justa. A história da nossa democracia encarregar-se-á de reconhecer o contributo decisivo dos professores portugueses na defesa da escola pública de qualidade para todos. Vim com uma única certeza: os professores não desistem.