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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

do adeus - e a onda volta a crescer

29.05.09, Paulo Prudêncio

 

(encontrei esta imagem aqui)

 

Sindicatos esperam mais de 50 mil professores na manifestação de sábado

 

"A Plataforma Sindical espera mais de 50 mil professores na manifestação de sábado, admitindo, porém, que a adesão poderá chegar a valores próximos dos registados no protesto de 8 de Março de 2008, que reuniu em Lisboa 100 mil pessoas.

"Todos os indícios que temos vão no sentido de uma extraordinária manifestação, que contará com mais de 50 mil professores na rua, podendo mesmo aproximar-se dos níveis de participação do protesto de 8 de Março", afirmou o porta-voz da plataforma que reúne os sindicatos do sector, Mário Nogueira, em declarações à agência Lusa.(...)"

 

Vai ser um festa e disso ninguém tenha dúvidas. Depois das marchas da razão, da indignação e da lucidez, teremos agora a do "adeus". Aconteça o que acontecer, tenho a noção que é esse o sentimento mais autêntico que pairará nos céus de Lisboa.

de singular a problemático - o passo rápido de santo onofre

29.05.09, Paulo Prudêncio

 

 

(encontrei esta imagem aqui)

 

Três casos problemáticos

 

Há presidentes de conselhos executivos que resistem à substituição e reclamam judicialmente o direito a completar os seus mandatos.

Santo Onofre à espera da pacificação

Visto como símbolo da resistência dos professores ao novo modelo de gestão das escolas, o agrupamento de Santo Onofre, nas Caldas da Rainha, foi o primeiro alvo do Ministério da Educação (ME), que a 2 de Abril destituiu o conselho executivo (CE) eleito e nomeou, para o seu lugar, uma comissão administrativa provisória (CAP). Uma medida muito polémica e pouco eficaz, já que, entretanto, nem um passo foi dado para a eleição do futuro director.

"Para já, o meu objectivo é pacificar a escola", admitiu esta semana, em declarações ao PÚBLICO, o presidente da CAP, Carlos Almeida. Ele próprio diz "compreender" que "os professores estejam magoados" com a substituição do CE, que terminava o mandato para que fora eleito no final de 2010. E sente, por isso, que "seria inútil", num ambiente de contestação, "tentar completar o conselho geral transitório, ao qual caberá eleger o director".

Os professores — que sempre se recusaram a apresentar lista para aquele órgão, impedindo, assim, o seu funcionamento — "não mudariam agora de atitude", prevê. E considera isso tão "natural" como a forma como foi recebido: com uma manifestação de professores e outra de alunos, acompanhadas por palavras de repúdio na câmara municipal e na Assembleia da República.


Diz ter, no entanto, tempo para aguardar. O prazo para pacificar a escola e promover a constituição do conselho geral transitório e a eleição do director é de um ano, pelo que, até final de 2010 (altura em que terminava o mandato do conselho executivo eleito), a CAP a que preside pode gerir a escola. Afirma desejar "sinceramente que tudo corra bem": "Esta escola tinha uma história bonita e há-de voltar a ter", diz.(...)

 

 

Sou professor em Santo Onofre desde 1994 e não me lembro de ver a escola com uma atmosfera relacional tão degradada como agora. A tendência é para se acentuar esse estado de espírito. Dizer-se, portanto, que a ideia é de pacificação deixa qualquer um boquiaberto. A escola tinha, e tem, uma Assembleia (reuniu três vezes no último mês, o que significa que, e para todos os efeitos, está de pé o anterior modelo de gestão) e um Conselho Executivo que tinha mandato até Junho de 2010 (vamos esperar e ver o que a justiça tem a dizer). Só a pressa em apresentar números para as eleições somada a uns desmandos de "aparelho" é que levou à precipitação em Santo Onofre. Vamos ver como tudo acaba. Atrás de tempos outros tempos virão.

prazos eleitorais e números para manipular

29.05.09, Paulo Prudêncio

 

(encontrei esta imagem aqui)

 

Quase metade das escolas vai falhar prazo para eleger directores

 

"Os anúncios começaram a aparecer em catadupa só no mês passado. Agrupamento atrás de agrupamento anunciando, no “Diário da República”, a abertura dos concursos para o provimento do lugar de director, o órgão unipessoal que nas escolas do básico e secundário irá substituir os conselhos executivos. Por decisão do Governo, esta nova transfiguração teria de estar consumada no domingo, mas pelo menos quase metade dos agrupamentos e escolas não-agrupadas deverão entrar em Junho sem ter eleito ainda os seus directores.(...)

 

 

Que ninguém tenha dúvidas, e isto que vou escrever é independente de se concordar ou não com o novo modelo de gestão escolar - eu não concordo -: o governo criou mais uma diploma à pressa, com evidentes trapalhadas processuais, carregado de incoerências, mas com um prazo: 31 de Maio de 2009. Vale tudo para chegar às eleições e dizer uma coisa qualquer que se pensa que agrada aos eleitores: até fazer terraplanagem com tudo o que existia: uns revolucionários, sem dúvida.

A jornalista apurou isto no dia seguinte à notícia em que a ministra da Educação debita mais uma série de números. Ora leia e só se espanta se tem andado desatento.

 

 

"Quatro ou cinco escolas" não cumprirão prazo 

 

"A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, disse hoje que "quatro ou cinco escolas" não vão cumprir o prazo de eleição dos respectivos directores, que termina a 31 de Maio.
"Há quatro, cinco escolas em que não apareceram candidaturas ou que houve problemas de outra natureza, em que os concursos abertos acabaram por não ter resultados positivos, mas são quatro ou cinco escolas, não mais do que isso em todo o país", afirmou, à margem da tomada de posse da nova directora do Agrupamento de Escolas Gualdim Pais. 
Recusando classificar estes casos como "resistência", Maria de Lurdes Rodrigues referiu que "foram casos em que não emergiram lideranças, que não apareceram candidaturas, em que as candidaturas não foram reconhecidas localmente pelas comunidades locais como candidaturas de qualidade e foram rejeitadas".(...)

 

Como é que é possível alguém dizer umas coisas destas?

confio em ti, meu caro professor

29.05.09, Paulo Prudêncio

 

Penso que a génese da quebra, irreversível, de confiança dos professores portugueses na actual ministra da educação pode estar na seguinte formulação: a confiança não se traduz em dizeres-me que confias ou não em mim, mas nos métodos que elegeste para obteres a minha informação.

E confesso: tem sido uma semana excessiva em termos de informação. Nem é que esteja saturado. O meu problema situa-se ao nível do turbilhão que se gerou e que reveste-se de características nunca vistas. Onde e quando vai parar? Não sei.

 

E na próxima semana, adivinham-se mais desenvolvimentos. Parece-me que o sinal de desorientação tocou de forma estridente.


Apela-se ao diálogo.

Ouvia, noutro dia, na parte da tarde, uma bela entrevista na antena 2 da RDP. Dizia o entrevistado: "um diálogo é apenas um encontro de dois monólogos". Lembrei-me de Rilke e de uma das suas ideias sobre a condição humana: "estamos irremediavelmente sós".









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Reedição. 1ª edição em 10 de Maio de 2008.