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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

falácias

27.05.09

 

(encontrei esta imagem aqui)

 

 

Dizia-me noutro dia, com uma veemente indignação, um amigo meu que o actual chefe do governo português tinha estado em Valência, acompanhado do senhor Zapatero, a discursar em nome dos partidos políticos de esquerda na Europa.

 

Por acaso a coisa escapou-me mas concordei com o seu agastamento. O meu amigo também me disse que a intervenção do primeiro-ministro foi muito glosada, pelo menos em Espanha e em França.

 

Francamente. Se as políticas educativas em estado de desorientação no nosso país, e só me refiro a essas porque são as que conheço melhor (mas as económicas e as financeiras são também o que se sabe), são de um partido político de esquerda, então já nem sei o que diga.

 

Era melhor ostentarem que ocuparam (ai os votos, ai os votos) a agenda "modernaça" do neoliberalismo então vigente com que as direitas (e uma falida terceira via não sei de quê) europeia e americana inundaram o mundo e confessar que a Educação em Portugal foi escolhida como principal vítima da fúria descrita. E para agravar a coisa ainda se deu as mãos aos estafados pressupostos da engenharia social e ao que há de pior nos excessos burocráticos do centralismo português.

 

Se assim fosse, se se desse largas às assumidas certezas "reformadoras", cada um votava de acordo com as suas convicções, a actividade nobre da política ganhava com isso e o esclarecimento democrático agradecia.

 

Chega-se à conclusão que tudo eram falsidades. Foram políticas coladas sem rigor nem critério e que não existe um mínimo de decoro para se arrogar a verdade.

 

É típico e é um lema mais do que revisto: "lá nos havemos de safar, se deus quiser".

 

Afinal até há um vídeo sobre o acontecimento de Valência.

 

Veja lá que até se fazem comparações com Obama. E depois não querem que os outros se riam. Francamente.

 

Ora clique (é só 1 minuto).

 

 

 

manifesto conjunto

27.05.09

 

 

 

 

 

Blogues e movimentos independentes apelam à participação na manifestação de sábado

 

"Os principais blogues e movimentos de professores fazem apelo conjunto à participação na manifestação convocada para sábado, em Lisboa.

Nos últimos tempos, as divergências sobre os objectivos e métodos da contestação docente têm sobressaído nos blogues de professores, mas a três dias da última manifestação do ano lectivo tanto a blogosfera como os movimentos independentes decidiram avançar para um apelo inédito: "Sair à rua, todos juntos outra vez, é o que teme o Governo e é do que a escola pública precisa. Por isso encontramo-nos no próximo sábado".(...)

 

O apelo é subscrito pelos blogues A Educação do Meu Umbigo, ProfAvaliação, Correntes, (Re)Flexões, Educação SA, O Estado da Educação, Professores Lusos, Outòólhar e O Cartel. E pelos movimentos APEDE (Associação de Professores em Defesa do Ensino), MUP (Movimento Mobilização e Unidade dos Professores), PROmova (Movimento de Valorização dos Professores), MEP (Movimento Escola Pública) e CDEP (Comissão em Defesa da Escola Pública)"

 

 

Foi uma boa ideia do Movimento Escola Pública. É evidente que nem sempre estamos todos de acordo e é natural e saudável que assim seja desde que as discordâncias se centrem nos métodos de contestação e não nas questões mais pessoais; essas deveriam ficar pela atmosfera privada; e também deve ser natural e ainda muito mais saudável que os nossos adversário estejam bem identificados. E nessa matéria os professores não têm dúvidas: mostraram-no nos inéditos, inesquecíveis e históricos momentos anteriores e vão fazê-lo de novo.

discriminações

27.05.09

 

(encontrei esta imagem aqui)

 

 

Maestro pede “fim de discriminações” entre jovens desportistas e os que se dedicam à cultura 

 

 

"O presidente da Associação Cultural da Beira Interior (ACBI), Luís Cipriano, pediu à Comissão de Educação e Ciência da Assembleia da República “o fim de discriminações” entre os jovens que praticam desporto e os que se dedicam à cultura.
Numa exposição dirigida à comissão e aos presidentes dos grupos parlamentares, a que a agência Lusa hoje teve acesso, o maestro alerta para o facto de os jovens que praticam música, nomeadamente em eventos internacionais, não terem qualquer protecção escolar relativamente a faltas e à marcação de testes.(...)" 

 

 

Estou de acordo com o maestro. Mas o problema português, e europeu, é mais outro: nenhuma das formações referidas é levada muito a sério; os jovens são estimulados a lançarem-se num percurso sem qualquer sustentabilidade e depois, e mais ainda no caso português, aplica-se o conhecido lema: "e lá se hão-de safar".

estratégias e tácticas

27.05.09

 

 

 

Sindicatos já só pensam no próximo Governo

 

"A manifestação de professores, no sábado, poderá não ter a adesão história das duas anteriores mas o Governo também já não é o único alvo, os sindicatos querem avisar o próximo Executivo que "não desistem".

Os professores cumpriram, ontem, uma paralisação de duas horas e meia mas desta vez não houve a habitual guerra de números, porque os sindicatos não defenderam qualquer percentagem de adesão - os níveis de participação das escolas variaram entre os zero e os 100%, lê-se no comunicado. Mesmo assim, para o porta-voz da Plataforma Sindical de Professores a iniciativa cumpriu "claramente" o seu objectivo: relançar a luta; pelo que não condicionará a dimensão da manifestação de Sábado. Antes pelo contrário, defendeu: "Estou mais convencido, do que antes, de que Sábado vai ser uma grande manifestação", afirmou ao JN Mário Nogueira.(...)"

 

 

 

 

 

arrestar é que não

27.05.09

 

(encontrei esta imagem aqui)

 

 

 

O blogue "As minhas leituras" tem uma entrada que deve ser lida com toda a atenção. O tema é o momento político-partidário no nosso país com uma lúcida projecção para o futuro próximo. Pode ir directamente ao blogue, com o link sugerido, e ler o texto integral, ou pode passar o cérebro por algumas das partes que escolhi para colar já de seguida (os bolds são meus).

 

 

Um país ingovernável?

 
Ou: Uma Lição de Democracia Dada por um Cidadão aos Partidos; e não ousem dizer que não precisam dela.

Fala-se muito agora na formação dum Bloco Central no caso provável de o PS não obter maioria absoluta nas próximas eleições legislativas. O PS e o PSD juram e voltam a jurar que não, mas todos sabemos o que valem essas juras em período eleitoral: o mesmo que juras de amor eterno a meio da noite.
(...) Perante os actos dum governo de coligação pós-eleitoral, o cidadão pode sempre dizer "não foi nisto que eu votei."
(...)
Um governo de coligação pós-eleitoral não se pode ilegitimar por incumprimento de mandato pela simples razão que nunca se chegou a legitimar cabalmente: o seu mandato é em larga medida um mandato vazio. A sua legitimidade é imperfeita: é uma legitimidade legal e formal, mas não é legitimidade política nem legitimidade democrática.
(...)
O défice de legitimidade intrínseco dos governos de coligação pode ser ampliado pelas circunstâncias concretas: é o que acontecerá, creio eu, se o PS e o PSD se coligarem depois das eleições, não tendo apresentado previamente à apreciação do Soberano um programa comum.
(...)
Que circunstâncias são essas? Enumero-as:

Em primeiro lugar, se se registar, como é de prever, uma subida significativa dos partidos à esquerda do PS, será difícil não concluir daqui que o Soberano manifestou explicitamente a sua vontade de que a República seja governada mais à esquerda nos próximos quatro anos; e se o Parlamento lhe der, em vez desse Governo mais à esquerda, um Governo mais à direita, muitos eleitores sentirão que o voto lhes foi confiscado. 

Em segundo lugar, os temas da corrupção, do tráfico de influências e da promiscuidade entre poder político e poder económico têm ocupado uma boa parte do debate público nos últimos meses. Justa ou injustamente, uma parte considerável do eleitorado não vê no PS e no PSD dois partidos, mas sim um só partido; e não é um partido da República, mas dos interesses. Muitos eleitores, incluindo alguns dos que votarem no PS ou no PSD, estarão a tentar manter separadas, a favor da República, as duas componentes desse Partido dos Interesses. Se virem que essa votação resulta, por manobras pós-eleitorais do PI, num aumento do poder de gente em que ninguém votou, sentir-se-ão vítimas duma fraude eleitoral - por mais correcto que o processo seja formalmente.

Em terceiro lugar, não está em cima da mesa como hipótese, nem foi pedida ao Soberano, uma maioria suficiente para mexer na Constituição. Ao ir às urnas, o Soberano não estará a exprimir qualquer vontade de que uma tal maioria seja constituída. Se o PI a fabricar a posteriori, e a utilizar para mexer naquilo em que o Soberano não quer que se mexa, fará caducar qualquer legitimidade política que a votação popular, por mais expressiva que seja, lhe tenha conferido.
(...)
E sabem ainda outra coisa, os eleitores: é que, quanto mais se deslegitima o poder formal, mais se legitimam os poderes informais. Se a soberania popular for subvertida nas instituições, o Povo exercê-la-á na rua, ou na Internet, ou onde puder - e terá, quer os políticos e os juristas queiram, quer não, toda a legitimidade para tal. Do mesmo modo, é dos livros que os cidadãos têm legitimidade, em casos-limite, para praticar a desobediência cívica. Temo que um governo do Bloco Central leve os cidadãos a este limite, do qual o PS sozinho os aproximou perigosamente durante a legislatura que termina este ano.

Será o país ingovernável sem maioria absoluta? Governável comodamente, não será, mas a política não serve a comodidade dos políticos. Será governável à custa de muita negociação - mas a negociação é a essência da boa política, e nenhum praticante da arte tem o direito de se furtar a ela.

Ingovernável será, isso sim, com um Bloco Central. Não porque este não disponha de legitimidade formal, mas porque não disporá de legitimidade democrática. Porque terá poder a mais para autoridade a menos. E porque os cidadãos, muito provavelmente, não se deixarão governar por uma tão descarada coligação de interesses.