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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

do absurdo em santo onofre (4)

19.05.09

 

(encontrei esta imagem aqui)

 

 

 

 

 

Tenho recebido emails e outros tipos de contactos de pessoas que se mostram interessadas em conhecer como vai a vida por Santo Onofre; e isso, só se pode incluir na rubrica que também escolhi para intitular esta entrada. Quando inaugurei "o absurdo de Santo Onofre", pesei bem o adjectivo e não tive grandes dúvidas: se estiver para isso, a rubrica vai atingir um número de entradas próximo do infinito. 

 

Mas, e por outro lado, já tenho pouca paciência para dissertar sobre os descomunais e inenarráveis processos de concursos de titulares, de avaliação do desempenho ou de gestão escolar (mas menos paciência está a léguas de ser sinónimo de desistência, claro). Tudo isso se tornou num desmiolado somatório de trapalhadas com contornos patológicos de fingimento e de degenerescência na atmosfera relacional das escolas. Nem sei qual é a data escolhida (mas podia alvitrar um palpite, ai isso podia) para o epílogo desta saga sem pés nem cabeça; mas quero crer que ainda haverá um pingo de bom senso e que ou os tribunais ou os órgão de soberania saberão terminar com estes momentos de intensa agonia.

 

Santo Onofre, e muito por mérito dos seus órgãos de decisão mas sempre apoiados pela maioria dos professores, foi fugindo a esse inferno.

 

Desde que aconteceu a ocupação de Santo Onofre, num acto perpetrado pelo actual governo, e logo que surgiram os primeiros contactos com a solução provisória de gestão escolar, que ficou claro e óbvio o que já se supunha: a acrescentar ao já funesto ambiente organizacional instituído por quatro anos de políticas desastrosas, passávamos a conviver com a desorientação provocada por um corte nos procedimentos singulares, e tanto enaltecidos, daquele agrupamento de escolas. Quanto mais o tempo passar mais se acentuará o flagelo. Sabemos que todas as escolas abrem de novo em Setembro, e, dá ideia, que é apenas isso que conta.

 

Dar, portanto, conta dos absurdos de Santo Onofre parece quase escusado e redundante. O ambiente é meio pantanoso e nada de estimulante se regista no domínio do que verdadeiramente deveria interessar: a continuação de um projecto muito autónomo e responsável que se guiava pelos primados da pedagogia e da liberdade para ensinar e aprender. O que se passa agora é, somente, uma catadupa de retrocessos. É muito triste, mas é assim.

 

Escrever, por exemplo, que o novel presidente do Conselho Pedagógico de Santo Onofre não concorda com o modelo em curso de avaliação do desempenho vale o que vale. Relatar que se voltou a alargar o prazo para a entrega de objectivos individuais até às 17h00 do dia 21 de Maio de 2009 é quase caricato: a saga dos objectivos deve ser fixada no início do módulo e estamos a poucas semanas do final do mesmo; por outro lado, inscreve-se a necessidade de essas excrescências terem também como base de formulação o plano de actividades e depois convoca-se uma reunião da Assembeia de Escola para o mesmo dia, mas às 21h00 (ou noutra hora qualquer, mas é seguramente à noite e depois das 17h00), e insere-se como ponto de agenda a aprovação (agora dizem-me que é mais uma apreciação) do citado plano para o ano lectivo que está prestes a finar e onde a esmagadora maioria das actividades já se realizaram.

 

Como se imagina, o relatório de absurdos podia caminhar por aí fora. 

 

O cunho editorial do "correntes" começou por estar fora das questões da Educação. Mas foi impossível conseguir isso pelos motivos que se conhece. Também procurei manter o blogue longe das questões internas da minha escola. Não foi fácil, uma vez que as nefastas políticas não se podiam dissociar, obviamente, do quotidiano das escolas. Estas pequenas incursões que ultimamente tenho feito são imperativas e é um exercício de liberdade e de responsabilidade cívica que me exijo. Voltarei ao assunto sempre que considerar que se justifica.

não

19.05.09

 

 

Vejo as notícias televisivas com as imagens do vídeo feito pelos alunos e ouço as palavras proferidas pelo jornalista e por vários dos actores. Fico sem palavras. Como é que isto é tratado assim?

 

Já tinha passado pela notícia nos blogues e na informação na rede. Mas nem quis saber. É assunto para ser tratado por quem de direito, pensei eu. Vou a um jornal online e encontro o que pode ler a seguir. Por mim, é assunto completamente encerrado.

 

Alunos consideram professora suspensa de escola de Espinho como "a mais espectacular"

 

"Dezenas de alunos da Escola EB 2/3 Sá Couto de Espinho descrevem a docente, que foi suspensa devido à acusação de manter conversas impróprias nas aulas, como "a professora mais espectacular na escola".
Estudantes do 7.º ao 9.º ano - aos quais a referida docente Joaquina Rocha lecciona as disciplinas de História ou Cidadania do Mundo Actual - afirmam que ela sempre se revelou preocupada com os problemas pessoais dos seus alunos. "Mas sem deixar de dar a matéria das aulas", asseguram. 
Samir Nica, 19 anos, diz que ela "é uma professora espectacular. Dá as aulas, mas também se preocupa com o que a gente anda a fazer lá fora. É a nossa segunda mãe aqui na escola". "Quando eu tinha algum problema, era com ela que ia falar e ela ajudou-me sempre", acrescenta o jovem.(...)"

e a saga continua...(reedição)

19.05.09

 

 

 

 

 (encontrei esta imagem aqui)

 

 

Todos os que conhecem bem o inenarrável modelo de avaliação do desempenho dos professores proposto pelo governo do partido socialista, manifestam a sua estupefacção com a descomunalidade que atingiu a excrescência dos objectivos individuais (tem aqui uma entrada que resume o que penso sobre os objectivos individuais).

 

Agora é aquela figura híbrida que ocupa as funções de presidente de um órgão que se tem revelado risível, o dito conselho de escolas, que diz mais umas coisas que condizem com o perfil referido. Haja paciência.

 

Ora leia.

 

Avaliação. As mais de 200 escolas 'em luta' contra o modelo de avaliação estão a assumir a interpretação de que "nada na lei" obriga à entrega dos objectivos individuais, "tranquilizando" os docentes que não o fizeram. Mas o presidente do Conselho das Escolas avisa que a situação não é clara


Escolas estão a dispensar professores dos objectivos 
Os presidentes dos conselhos executivos das mais de 200 escolas que se opõem ao actual modelo de avaliação estão a dispensar da entrega de objectivos individuais os professores que ainda não o fizeram. Isto apesar de os fundamentos da decisão estarem ainda longe de ser consensuais.

Tal como sustentou recentemente o advogado Garcia Pereira, num parecer sobre a matéria, estes estabelecimentos defendem não haver "nada na lei" que obrigue à entrega para que se possa evoluir para a fase da auto-avaliação (entre Maio e Junho). E acrescentam que os seus projectos educativos já abrangem as metas a atingir pelos docentes.

"Não estamos a defender a não entrega. Apenas tranquilizamos os professores que não o fizeram, dizendo-lhes que não podem ser penalizados de forma alguma", explicou ao DN Isabel le Gué, presidente do Conselho Executivo da Secundária Rainha D. Amélia, em Lisboa, e porta-voz deste grupo de escolas. 

"A lei não é clara sobre a obrigatoriedade [da entrega], e é omissa relativamente a penalizações", defendeu. "A não ser que se considere claro um ofício da Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação [DGRHE], que por um lado diz que os objectivos são indispensáveis e, por outro, dá às escolas a possibilidade de os fixarem."

Na prática, estas escolas estão a dar os objectivos como definidos. Mas não porque tenham assumido em mãos a condução dos processos, como sugeria a DGRHE: "Apenas informamos as pessoas de que a sua ficha de auto-avaliação terá de contemplar o projecto educativo da escola, o plano anual de actividades e, nos casos em que isso se aplique, o projecto curricular de turma", contou Maria João Igreja, da Secundária Alexandre Herculano, de Santarém.

Também Rosário Gama, presidente da Secundária Infanta D. Maria, em Coimbra, garantiu que na sua escola "está tudo tranquilo", apesar de "apenas oito" professores terem entregue os objectivos. No entanto, frisou, o problema "não está resolvido", até porque nem todas as escolas partilham desta leitura. Por isso mesmo, este grupo será recebido na próxima quarta-feira pela Comissão de Educação, na Assembleia.

Tema divide as escolas

Quem está longe de subscrever esta tese é Álvaro dos Santos, presidente do Conselho das Escolas, um órgão consultivo do Ministério da Educação. Para o presidente da secundária Doutor Joaquim Gomes Ferreira Alves, de Gaia, o recente "simplex" da avaliação é claro ao considerar a entrega dos objectivos "condição essencial" da avaliação, e "não obriga" as escolas a substituírem-se aos professores neste processo. De resto, assumiu, na sua escola informou os "cerca de 20%" de professores que não entregaram que "não iria preencher objectivos individuais, precisamente por considerar que estes são um acto individual".

Álvaro dos Santos admitiu que "não ficaria revoltado" com uma solução que contemplasse os projectos educativos nas escolas. Mas para isso, advertiu, "a dúvida não pode manter-se" até à fase de auto-avaliação, sob pena de se "assistir a uma grande convulsão nas escolas".

professor do ano

19.05.09

 

(encontrei esta imagem aqui)

 

 

Recebi agora um email com um texto muito interessante (por cortesia da Cristina Meneses).

 

 

professor do ano


professor do ano foi aquele que, com depressão profunda, persistiu em ensinar o melhor que sabia e conseguia os seus 80 alunos.
professor do ano foi aquela que tinha cancro e deu as suas aulas até morrer.
professor do ano foi aquela que leccionou a 600 km de casa e só viu os filhos e o marido de 15 em 15 dias.
professor do ano foi aquela que abandonou o marido e foi com a menina de 3 anos para um quarto alugado. como tinha aulas à noite, a menina esperava dormindo nos sofás da sala dos professores.
professor do ano foi aquele que comprou o material do seu bolso porque as crianças não podiam e a escola não dava.
professor do ano foi aquele que, em cima de todo o seu trabalho, preparou acções de formação e se expôs partilhando o seu saber e os seus materiais.
professor do ano foi aquela que teve 5 turmas e 3 níveis diferentes.
professor do ano foi aquele que pagou para trabalhar só para que lhe contassem mais uns dias de serviço.
professor do ano foi aquele que fez mestrado suportando todos os custos e sacrificando todos os fins-de-semana com a família.
professor do ano foi aquele que foi agredido e voltou no dia seguinte com a mesma esperança.
professor do ano foi aquele que sacrificou os intervalos e as horas de refeição para tirar mais umas dúvidas.
professor do ano foi aquele que organizou uma visita de estudo mesmo sabendo que jorge pedreira considerava que ele estava a faltar.
professor do ano foi aquele que encontrou forças para motivar os alunos depois de ser insultado e indignamente tratado pelos seus superiores do ME.
professor do ano foi aquela que se manifestou ao sábado sacrificando um direito para preservar os seus alunos.
professor do ano foi aquele presidente de executivo que viveu o ano entre o dever absurdo, a pressão e a escola a que quer bem, os colegas que estima.
professores do ano, todo o ano, fomos todos nós, professores, que o continuamos a ser mesmo após uma divisão absurda.
professor do ano... tanto professor do ano em cada escola, tanto milagre em cada aluno. 

 

Somos mais que professores do ano. Somos professores sempre!

Rui Roçadas

maldita liberdade

19.05.09

 

 

(encontrei esta imagem aqui)

Maldita liberdade

 

Em tempos que já lá vão, a manipulação por Salazar do evasivo conceito de "equilíbrio orçamental" permitia que orçamentos tecnicamente deficitários aparentassem sempre invejável saúde financeira. A censura e a ausência de discussão pública faziam o resto. E a coisa, com a ajuda de um legislador fortemente proteccionista, funcionava e ia alimentando a confiança dos agentes económicos (nas suas "Lições de Finanças Públicas", Teixeira Ribeiro dizia que "Deus escrevia direito por linhas tortas").

Para a coisa funcionar hoje, seria preciso haver de novo censura. Por isso, foi por água abaixo a bem intencionada decisão estatística do IEFP de embelezar os números do desemprego "eliminando" 25 mil desempregados (passando a dá-los como "inactivos") e apagando informaticamente outros 15 mil do Sistema Integrado de Gestão da Área do Emprego. Não fosse sindicatos e jornais terem posto a boca no trombone e o desemprego em Portugal teria crescido "apenas" 13,1% no primeiro trimestre do ano. Assim desembestou por aí acima e já vai, parece, em 9,3%, e não nos anunciados 8,9. Maldita liberdade de informação!


Manuel António Pina (por cortesia de Manuel Sanches)

difícil sabedoria

19.05.09

 

Chegou-me um vídeo bastante recomendável. Se o meu caro leitor desenvolve ou pensa vir a envolver-se em tarefas que requerem trabalho em equipa, então clique no vídeo que se segue. Sei que são quase oito minutos, mas vai ver que valeu a pena.
 
 
Ora clique.