sua excelência e os impressos
Sua Excelência acordou frenético: tinha mais três anos de mandato e já tinha esgotado o programa previamente planificado; por outro lado, tinham-lhe cometido a responsabilidade de dar vida ao ponto três do plano económico - e transversal - do governo a que pertencia:
viabilizar a nova e hodierna empresa produtora de papel que, por sua vez, fornecia a desorientada imprensa nacional - equipada cinco anos antes, por decisão sua quando fazia a próspera carreira de funcionário superior, com o mais moderno parque de impressão de impressos normalizados que há memória - que tinha acabado de perder, para o estouvado processo digital, a edição do Diário da República.
Apesar de terem estado umas horas a tentar convencer Sua Excelência da indulgência desta última decisão, Sua Excelência não estava completamente convencido do intento ambiental que se estabelecia entre a edição digital do citado diário e a poupança anual de 28 mil eucaliptos.
Sua Excelência, contristado mas não subjugado, convocou uma reunião de emergência e assentou: "escreva-se um decreto que determine o impresso m-318456/A para o registo dos planos de aula de todos os docentes do continente e das regiões autónomas que anunciem previamente as suas faltas."
“E se anunciam no próprio dia?"- perguntou, temeroso, um dos seu ajudantes.
Sua Excelência, depois de invectivar o seu ajudante com o mais reprovável dos olhares, sorriu, e anunciou: “impresso m-318456/B".
O ajudante, encheu-se de uma coragem reforçada pelo sorriso de Sua Excelência, e questionou com um ar judicioso e inovador: “e se o docente se indispõe e anuncia na própria hora?”
Sua Excelência: “m-318456/C, que raio".
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