Estávamos em pleno verão e sobrava uma quinzena de férias: era uma novidade, pois tinha passado os últimos anos reduzido a apenas isso: quinze dias de férias de vez em quando.
Decidimos partir: pegámos no carro - seria a última grande viagem num wolkswagen golf cheio de história - e fomos directos ao sul de França, mais propriamente a Biarritz. Atravessar a Espanha, nessa altura, é sempre um risco, mas nada de especial houve para assinalar: tempo ameno e pouco movimento nas estradas. Quando começámos a equacionar o lugar da primeira noite, passávamos por uma cidade, capital do País Basco, que desconhecíamos: Vitoria-Gasteiz. Estava um fim de tarde perfeito e a cidade acolheu-nos por completo: urbanismo exemplar, cidade bem traçada, trânsito bem arrumado, corredores para bicicletas, passeios largos, mobiliário urbano escolhido com muito gosto, zonas verdes em abundância, património bem cuidado, comércio tradicional cheio de vitalidade, sei lá... Ficámos com vontade de estar uns dias valentes por ali.
Seguimos para o sul de França. Mas foi por pouco tempo. A zona de Biarritz estava apinhada de turistas e pouco convidativa: ao segundo dia não resistimos ao apelo basco: Donostia-San Sebastián foi o destino. De fascínio em fascínio, passámos o resto dos dias nesta belíssima região autónoma da nação espanhola. Bilbao (Bilbo em Basco) foi o lugar da estadia final. Para além da espantosa recuperação urbana motivada pela construção do Museu Guggenheim, Bilbao transformou-se numa urbe moderna, pujante e que deixou saudades.
Surpreendente, considerando os relatos da história. Conclui-se que, a exemplo da sociedade em rede, a presença física, associada ao tempo, continua a ser a base de uma boa e sólida aprendizagem.