o coronel pássaro
21.07.07, Paulo Prudêncio
Voltamos à antiga lavandaria do hospital termal das Caldas da Rainha para ver mais uma encenação produzida pelo Teatro da Rainha: "o coronel pássaro".
Penso que já não é a primeira vez que o escrevo: o espaço escolhido, um sótão da antiga lavandaria, encanta-me.
Imagino que não será a sala preferida da companhia, sendo certo que as limitações à produção saltam à vista. Mas para além do espaço referido, a zona envolvente tem características muito interessantes: a mata do hospital termal, apesar de muito descuidada, garante uma atmosfera pouco usual e se olharmos à nossa volta, e com atenção, podemos ver um pequeno - pequeno em dimensão física mas imenso no seu confronto com a temperatura morna das águas que correm para o ex-líbris da cidade, o hospital termal - laboratório de esculturas da responsabilidade de Ferreira da Silva.
Penso que já não é a primeira vez que o escrevo: o espaço escolhido, um sótão da antiga lavandaria, encanta-me.
Imagino que não será a sala preferida da companhia, sendo certo que as limitações à produção saltam à vista. Mas para além do espaço referido, a zona envolvente tem características muito interessantes: a mata do hospital termal, apesar de muito descuidada, garante uma atmosfera pouco usual e se olharmos à nossa volta, e com atenção, podemos ver um pequeno - pequeno em dimensão física mas imenso no seu confronto com a temperatura morna das águas que correm para o ex-líbris da cidade, o hospital termal - laboratório de esculturas da responsabilidade de Ferreira da Silva.
O texto de Histo Boytchev é muito inteligente embora pudesse ter ido mais além. Fala-nos do frágil limiar que serve para designar o estado de loucura e da "necessidade" em ordenar as consciências para que tudo frua.
No "site" da companhia pode ler-se:
"Um jovem médico, destacado para um asilo psiquiátrico instalado num antigo convento, algures nos Balcãs, tem a seu cargo alguns casos de psicose tão interessantes quanto inofensivos. É inverno e tanto psiquiatra como doentes estão entregues à sua sorte, isolados no meio da neve e dos lobos, sem aquecimento, sem comida e sem medicamentos. Vivem acantonados numa única divisão para se protegerem do frio.
A situação é já insustentável quando um avião da ONU, perdido o rumo no meio de uma tempestade de neve, lança ajuda humanitária sobre o convento julgando tratar-se de uma povoação na Bósnia. Os fardos lançados contêm mantimentos e uniformes militares.
A partir desse momento, um dos pacientes, ex-coronel do exército russo, há três anos fechado no mais absoluto mutismo, assume o comando da pequena comunidade transformando-a numa «unidade de combate avançada» disposta a integrar as fileiras da NATO. Os pássaros em migração são, do ponto de vista destes doentes, o meio para estabelecer o contacto com as chefias daquela organização na Europa e os dias passam-se a observar o céu esperando uma resposta.
O jovem psiquiatra assiste a esta verdadeira metamorfose incapaz de formar uma opinião sobre as vantagens ou desvantagens clínicas desta nova «realidade» vivida pelos doentes. Até porque o seu percurso pessoal dentro das normas de uma estrita normalidade se lhe afigura agora destituído de sentido. Finalmente, decide abandonar o convento integrando a nova «unidade militar», rumo a Estrasburgo, num velho jipe pintado com as cores da Nato e respectiva bandeira.
Dois ou três anos depois, a pequena comunidade deambula pelas ruas e praças da Europa vivendo das moedas que o seu comportamento excêntrico arranca aos bolsos dos transeuntes. Acredita apesar de tudo que os pássaros são a melhor forma de enviar mensagens e vive de olhos postos no céu..."
Valeu.