Li, noutro blogue, um texto interessante, da autoria de Luís Filipe Torgal, professor de História do 3.º ciclo do ensino básico, que é um ponto de partida para uma discussão importante. Não resisto a publicar uma parte:
"Acontece que não é admissível pensar o ensino fora do binómio Ciência/Pedagogia. Importa, pois, compreender que não há elixires pedagógicos que possam salvar um professor que não domine os conteúdos da disciplina que lecciona, assim como, num outro registo, não existem panaceias que possam iluminar um professor que prescinda de adequada formação humanística e cultural para dirigir uma escola. Por outras palavras, a leitura, a escrita, a investigação e a reflexão, a formação e a actualização científicas devem constituir para qualquer professor práticas contínuas, sem as quais ele arrisca tornar-se num mero animador social e numa espécie de vendedor de "banha de cobra", sempre pronto a oferecer aos seus incautos alunos, por detrás de uma redundante retórica balofa e de um exímio folclore "pedagógico", um saber sem base científica ou uma ciência obsoleta.
A escola massificada de hoje está, portanto, mais burocratizada, mais pragmática, mais folclórica, mais niilista, mais cínica e menos séria. Só as (virtuais) estatísticas do sucesso educativo interessam. E, em nome deste dogma intangível, este ME resolveu, de facto, abdicar da cultura científica e da educação cívica dos seus alunos e até dos seus professores."