profanações
01.04.07, Paulo Prudêncio
"Os juristas romanos sabiam perfeitamente o que significava “profanar”. Sagradas ou religiosas eram as coisas que pertenciam, fosse qual fosse a forma, aos deuses. Como tal, eram retiradas do livre uso e comércio dos homens, não podiam ser vendidas nem empenhadas, cedidas em usufruto ou oneradas com alguma servidão. Sacrilégio era qualquer acto que violasse ou transgredisse esta sua especial indisponibilidade que as reservava exclusivamente aos deuses celestes (e, então, eram chamadas propriamente “sagradas”) ou ínferos (neste caso, dizia-se simplesmente religiosas”). E se consagrar (sacare) era o tempo que designava a retirada das coisas da esfera do direito humano, profanar significava, por oposição, restituí-las ao livre uso pelos homens".
Giorgio Agamben em Profanações.
Giorgio Agamben em Profanações.