julius caesar
28.03.07, Paulo Prudêncio
A fruição de espectáculos do domínio das chamadas artes performativas é, para quem vive fora dos grandes centros urbanos - no caso de Portugal, falemos de Lisboa - uma actividade com elevados custos financeiros. Também por isso, importa seleccionar de modo criterioso as nossas escolhas.
Não consigo estar muito tempo sem assistir, ao vivo, a uma realização que me encha a mente com momentos da genialidade da representação humana. Seja na dança, no teatro ou na música, ou, melhor ainda, na sábia combinação destas sublimes manifestações da verdadeira inteligência dos humanos.
Fomos ao reinaugurado, em 2002, Teatro Municipal de S. Luiz - uma sala com óptimas condições -, em Lisboa, assistir a mais um espectáculo da Cornucópia, companhia de teatro a que está umbilicalmente ligado Luís Miguel Cintra.
Pela primeira vez, a peça de William Shakespeare, Julius Caeser, é representada em Portugal. São mais de 200 minutos de muito bom teatro.
Os cenários de Cristina Reis levam-nos à Roma antiga, combinando um laranja forte nas enormes paredes com "blocos" de mármore espalhados pelo espaço: o resultado é soberbo. À medida que a peça vai avançando e que a degradação da vida em Roma se vai acentuando, o laranja fogo e o cinza mármore vão dando lugar aos tons negros do azul e do preto.
Temos música ao vivo: três músicos (percussão, guitarra e trompete) e um conjunto de sons apropriado, por vezes surpreendente , mas quase sempre a dar a ideia de um trabalho muito aturado e atento.
Luís Miguel Cintra, o genial encenador, revela no programa: "é bem mais inteligente que qualquer leitura que dele nós possamos fazer. A universalidade e a contemporaneidade estão na interpretação que o espectáculo nos deixa fazer."
Imperdível.
Sem querer contrariar as citadas palavras de Cintra, fazendo, portanto, uma leitura da obra, não resisto a enunciar: a denúncia da tirania, a luta pela liberdade e a completa estupidez da ideia da guerra: ah, e como isso, se assemelha, de modo tão permente, com a presente realidade política internacional.
O resto já se conhece: a intemporalidade do texto de William Shakespeare.
Não consigo estar muito tempo sem assistir, ao vivo, a uma realização que me encha a mente com momentos da genialidade da representação humana. Seja na dança, no teatro ou na música, ou, melhor ainda, na sábia combinação destas sublimes manifestações da verdadeira inteligência dos humanos.
Fomos ao reinaugurado, em 2002, Teatro Municipal de S. Luiz - uma sala com óptimas condições -, em Lisboa, assistir a mais um espectáculo da Cornucópia, companhia de teatro a que está umbilicalmente ligado Luís Miguel Cintra.
Pela primeira vez, a peça de William Shakespeare, Julius Caeser, é representada em Portugal. São mais de 200 minutos de muito bom teatro.
Os cenários de Cristina Reis levam-nos à Roma antiga, combinando um laranja forte nas enormes paredes com "blocos" de mármore espalhados pelo espaço: o resultado é soberbo. À medida que a peça vai avançando e que a degradação da vida em Roma se vai acentuando, o laranja fogo e o cinza mármore vão dando lugar aos tons negros do azul e do preto.
Temos música ao vivo: três músicos (percussão, guitarra e trompete) e um conjunto de sons apropriado, por vezes surpreendente , mas quase sempre a dar a ideia de um trabalho muito aturado e atento.
Luís Miguel Cintra, o genial encenador, revela no programa: "é bem mais inteligente que qualquer leitura que dele nós possamos fazer. A universalidade e a contemporaneidade estão na interpretação que o espectáculo nos deixa fazer."
Imperdível.
Sem querer contrariar as citadas palavras de Cintra, fazendo, portanto, uma leitura da obra, não resisto a enunciar: a denúncia da tirania, a luta pela liberdade e a completa estupidez da ideia da guerra: ah, e como isso, se assemelha, de modo tão permente, com a presente realidade política internacional.
O resto já se conhece: a intemporalidade do texto de William Shakespeare.