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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

dante

16.02.07, Paulo Prudêncio
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Purgatório de anjos,
bailando em valores.

Inferno ardente,
na vida que os consome.

invadem pobres,
invadem ricos,

o Paraíso abundante de tudo e de nada. 


Paulo Guilherme Trilho Prudêncio

as bandeiras dos nossos pais

15.02.07, Paulo Prudêncio






Estava uma tarde de chuva. Fui a uma das pequenas salas do cinema da cidade onde vivo. Éramos uns quatro espectadores, se tanto. Fiquei sentado a meio da sala e não me posso queixar, embora a qualidade auditiva da banda sonora deixasse muito a desejar: e como isso é importante.

"As Bandeiras do Nossos Pais" começa com imagens duras sobre a segunda guerra: o género assim o exige, a guerra deve ser demasiado cruel para não ser retratada de modo tão despido; e contudo...

Quando na Europa a guerra já tinha terminado, os EUA e o Japão continuavam a travar uma sangrenta batalha pela soberania da ilha de Iwo Jima, traduzida pela icónica imagem de cinco marines a colocarem a bandeira americana no cimo do monte Suribachi. Em homenagem à ideia do filme, resolvi não escolher essa fotografia para ilustrar este meu escrito.

Clint Eastwood continua a afirmar-se como um grande realizador.

Partindo de um "best-seller" sobre a história, escrito por James Bradley - filho de um dos soldados -, o filme confronta-nos com a sabida injustiça sobre a ideia da guerra e das suas inesqueciveis sequelas.

Necessitamos de heróis e os mais desprotegidos pagam um preço fatal por isso. Mitificamos para sobrevivermos e fugirmos ao destino comum e nessa ansia, esquecemos que os actores do teatro de guerra só trazem sofrimento: um inabalavel sofrimento. Jovens inocentes, impreparados para o primeiro contacto, iludem-se e pagam bem caro o reverso da medalha.

Os mandantes, cobertos por um atroz formalismo - é fantástica e bem ilustrativa, a ideia de se ter que trocar a bandeira içada para que um general a possa guardar como troféu - sacrificando-se, por isso, mais umas quantas vidas -, atolam-se na lama que os há-de consumir.

Uma bela lição de vida, esta obra de Eastwood. Nem sou grande apreciador de filmes de guerra, tapo a cara nas cenas mais violentas, surpreendo-me sempre quando um filme destes é classificado para maiores de 12 anos, mas rendi-me à nobreza das ideias e à profundidade da sua construção. O filme toca no essencial: só começa a guerra quem nunca a vive.

A não perder.
 

scoop

13.02.07, Paulo Prudêncio




É o trigésimo nono filme de Woody Allen: desde 1969 que o realizador consegue a espantosa média de um filme por ano.

Depois de Match Point, o realizador de Manhattan filma uma segunda vez em Londres: dois filmes consecutivos na capital inglesa.

Fomos, de novo, às boas salas de Santarém. A meio do fita, dei com a minha mente a processar: o realizador aproveitou a embalagem do genial Match Point e fez mais uma trama nas belas paisagens londrinas. Mas talvez não. Scoop vale por si: tem Woody Allen como actor - no registo bem conhecido - tem de novo Scarlett Johansen e apresenta um Hugh Jackman em bom estilo: ou seja, um filme com poucos meios.

A história é inovadora, considerando as 39 fitas de Woody Allen.

Sondra (Scarlett Johansson) é uma jovem nova-iorquina que descobre, através do contacto bem humorado com o fantasma de um genial jornalista inglês, entretanto falecido, novas pistas sobre um serial killer: "o assassino da carta de tarot". A investigação, com a ajuda preciosa de um mágico em fim de carreira (Woody Allen), vai conduzi-la ao intocável aristocrata Lord Peter Lyman (Hugh Jackman), que a seduz. E depois? Bem, depois, só vendo.

Gostei muito. Entretenimento de qualidade, segundo os meus padrões, claro.

A não perder.

venceu o sim

11.02.07, Paulo Prudêncio


Venceu o sim: já era tempo; tarde, mas sempre a tempo.

Portugal tenta não descolar: o tempo, sempre o tempo, o dirá.

Sejamos optimistas. Legisle-se a favor da despenalização: parece-me inequívoco. Era o que se perguntava e nada mais do que isso.

Chega de tanta metástase argumentativa, ou seja, de inúmeras figuras de retórica, pelas quais, os oradores declinam de si para outrem a responsabilidade do que alegam.

Chega.