Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

propaganda e outras coisas mais...

27.01.09, Paulo Prudêncio

 

 

 

Os média "mainstream" faziam ontem notícia da apresentação de um relatório, da OCDE, muito elogioso para o conjunto de políticas educativas do actual governo em relação ao 1º ciclo de escolaridade.

 

Vi, a propósito, o primeiro-ministro tecer rasgados elogios ao que se tem feito nessa área da Educação, com saliência para as características de personalidade da actual ministra da Educação: determinada, corajosa, resistente e outras adjectivações do género. Ao que me pareceu ouvir, o primeiro-ministro teve uma grande satisfação em trabalhar com a actual responsável pela pasta da Educação.

 

Fui ler o famigerado relatório, aqui, e ao passar pelos blogues dei com duas análises. Uma de José Matias Alves, aqui, e outra de Ramiro Marques, aqui. Em ambas verifiquei críticas essenciais: relatório pouco rigoroso, parcial (parece uma coisa encomendada), com conclusões claramente abusivas e precipitadas. Enfim. Os mais interessados devem passar pelos links que recomendo e tirarem as suas próprias conclusões.

 

Depois li uma nota de imprensa do sindicato dos inspectores da Educação e do Ensino. Fiquei estupefacto. É grave o que ali se pergunta

 

Se cruzarmos as conclusões do citado relatório com o conteúdo desta nota, ficamos com a óbvia impressão de que há ainda mais mundo para além da propaganda.

 

NOTA DE IMPRENSA

Sete (7) perguntas ao Senhor Secretário de Estado da Educação.

A notícia inserta na página 12 do “Público” do passado  dia 22, com o título “Ministério da Educação vai avaliar a qualidade «interna e externa» dos cursos profissionais” , suscita-nos algumas perguntas, que gostaríamos de ver respondidas.  Citamos da notícia:“O Ministério da Educação (ME) vai arrancar em breve com a avaliação aos cursos profissionais das escolas públicas. A garantia foi dada pelo Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos (…). «O contrato está pronto e a adjudicação vai ser feita muito em breve», sublinhou Lemos (…)”. Esta notícia, como se vê, coloca inúmeras questões. Entre outras, e não sendo exaustivos:

1. Por que está a Inspecção-Geral da Educação (IGE) arredada de todo este  processo?;

2. De que contrato, com que caderno de encargos,  e de que adjudicação se está a falar?;

3. A IGE possui competências legais e técnicas, e meios e experiência, para, no âmbito de uma redefinição das suas prioridades e do urgente reforço dos seus quadros, fazer esta avaliação - por que é que a não faz?;

4. Assim sendo, qual o fundamento legal, técnico, orçamental e financeiro que justifica esta externalização do serviço?;

5. A IGE já desenvolveu e aplicou um Programa de Avaliação Integrada das Escolas, a IGE já fez a avaliação de escolas profissionais públicas, a IGE está a aplicar neste momento um programa de Avaliação Externa das Escolas - e é colocada à margem desta avaliação aos cursos profissionais das escolas públicas, assim se propiciando “contratos” e“adjudicações”?;

6. A IGE, para além de credível e competente, também sai naturalmente mais barata aos contribuintes, pelo que uma outra pergunta se torna inevitável: quais os custos deste contrato, isto é, quem ganha e quem perde com este negócio?;

7. A aplicação de um processo de avaliação promovido pelo Ministério da Educação pode ser um negócio?

Pel’A Direcção do Sindicato dos Inspectores da Educação e do Ensino. José Calçada (Presidente).