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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

espera-se o assumir de culpas e, já agora, a tal de prestação de contas

02.01.14, Paulo Prudêncio

 

 

 

 

Ouvimos, desde a viragem do milénio, o discurso anti-escola pública e anti-professor:

 

a escola pública entrou em ruptura; os alunos aprendem pouco; as escolas públicas são más ou pioram a cada ano; estamos a ficar para trás nos testes internacionais; as escolas públicas não contribuem para o crescimento económico e começam a colocar em causa a nação; as escolas públicas já não vão lá com meias-medidas; as escolas públicas devem ser fechadas em larga escola e os professores despedidos. Mas mais: o discurso que acabei de escrever foi defendido pela direita e pela esquerda, por socialistas, sociais-democratas e populares de direita, foi defendido pelas "elites" que preenchiam os média mainstream e por aí fora. Quem se atrevesse a defender o contrário era acusado de defender o status quo.

 

O parágrafo que está em itálico é subscrito por Diane Ravitch (com adapação à sua realidade, obviamente), ex-secretária de Estado na administração do Bush mais crescido, bem à direita, portanto, e encontrei-o neste post do Paulo Guinote (onde fui buscar a imagem deste post) que anda à volta da obra da citada ex-governante, "Reign of Error: The Hoax of the Privatization Movement and the Danger to America's Public Schools" (qualquer coisa como: o reinado do erro: A farsa do movimento de desestatização e o perigo para as escolas públicas da América).

 

A direita americana chegou a este ponto depois de tanto disparate com a privatização de escolas, com o cheque-ensino, com os modelos hiperburocráticos de avaliação de professores e por aí fora. Por cá, o tal de guião da reforma do Estado faria corar de vergonha Diane Ravitch.

 

Espera-se, em 2014, o assumir de culpas e, já agora, a tal de prestação de contas por parte de socialistas, sociais-democratas e populares da direita (radical).

 

No caso da escola pública e dos seus professores, até se aceita a crítica por alguns abusos. Sim, houve professores que abusaram da redução ou ausência da componente lectiva mas foi sempre debaixo do chapéu do arco da governação (vulgo, aparelhismo partidário).

 

Por outro lado, as contas das escolas dão lições a qualquer outra área do público ou do privado. E mais: os resultados que o mainstream tanto acusou conforme detalhei no parágrafo que destaquei, foram desmentidos pelos estudos internacionais do PISA (Programme for International Student Assessment, do TIMMS (Trends in International Mathematics and Science Study) e do PIRLS (Progress in International Reading Literacy Study). Custa ver como o arco da governação continua a omitir estas evidências e a não prestar contas. Mais ainda por parte dos socialistas que no tempo de Lurdes Rodrigues não se cansavam de dizer: mas algo tem que mudar. Sim, tinham que mudar as benesses ilimitadas que não se cansavam de usar, e que continuam a proteger, e que não têm qualquer relação com a defesa da escola pública.

 

 

 

 

 

 

 

 

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