dos preconceitos
Há já uns anos que estalou o verniz nos "ódios" à escola pública e aos seus professores. Os preconceitos emergem mesmo quando os achadores estão, por táctica, do lado dos professores.
Alguns Lurditas D´Oiro evidenciam-se nos picos, como foi o caso, ontem, de um tal Avillez que debita no folheto do Expresso e que injuriou os jovens professores que perderam a cabeça como a "Matilha das Escolas". O argumento deste defensor da mercantilização da Educação demonstra desconhecimento e impreparação ao acusar os professores por não se sujeitaram a uma avaliação que impõem aos alunos. Desde logo, os jovens professores, como de resto todos os professores, têm uma vida de testes e de avaliações. Mas o que Avillez desconhece é que a indisciplina escolar que tanto o incomoda radica numa herança da revolução francesa que considerou as crianças, e os alunos, como iguais e não como outros. Regista-se mais uma contradição da malta do guião irrevogável. Têm tanto de baralhados como de cata-ventos no argumentário.
Mais à noite, no eixo do mal da SICN, M. Lopes pôs-se do lado dos professores contratados na prova de ingresso mas criticou os excessos, indignou-se mesmo com as políticas de Crato e acusou (foi mais forte do que ele) os professores de estarem há três anos em silêncio e de só se manifestarem por causa de avaliações. Francamente: onde é que este comentarista estava no último verão quando ocorreram as greves escolares mais prolongadas da história da nossa jovem democracia? Saberá ele os motivos? E no verão de 2012? Será que ele não vê as reportagens da TVI sobre o mercado da Educação ou acha que esse risco nada tem a ver com professores?
E não gostei, também no e. do mal, de ver a anuência de D. Oliveira. Se Sophia de Mello Breyner Andresen deve sentir-se envergonhada com os preconceitos do filho, Herberto Helder tem motivos para se preocupar com os sintomas de alucinação (ai a proximidade com o mainstream) deste descendente.