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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

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19 anos de uma engrenagem diabólica que não tem fim

24.02.25, Paulo Prudêncio

 

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Avaliar, sem qualquer "olhos nos olhos", um professor numa farsa administrativa (que inclui um relatório de três páginas e mencionará, ou não, duas farsas: aulas observadas e horas de formação) pontuada até às centésimas numa escala de 1 a 10, cria uma engrenagem diabólica. O actual ministro da Educação já a denunciou, mas nada acontece. O SIADAP (avaliação na administração pública) só funciona em clima de faz de conta. Quando se aplica com quotas em universos de grandes escalas, como na Educação, provoca uma falta estrutural de profissionais. Se às quotas ainda se acrescenta vagas e carreiras protelarizadas, a exaustão e a indignação geram uma explosão social; é uma questão de tempo. Agrava-se com um modelo de gestão de escolas com portas abertas à autocracia e à parcialidade.

Em suma, nenhuma profissão pode ser avaliada no modelo aplicado aos professores.

De resto, não se sai desta tragédia que "adoeceu os professores" e que os mergulhou num tríptico de "fuga", cansaço e revolta contida. Quem testa a profissão identifica de imediato o clima arbitrário e o inferno burocrático. E repita-se: desde que há escolas que os professores devem estar sempre preparados para a prestação de duas contas: como gerem o programa da disciplina que leccionam e como avaliam os alunos. Contudo, e por influência dos graduados em desconfiança, aplicou-se aos professores uma espécie de inversão do ónus da prova com o registo de todos os passos em actas, relatórios, notas, pareceres ou plataformas digitais. Os resultados estão visíveis, mas instalou-se uma diabólica máquina de cunhas e troca de favores que paralisa qualquer mudança.

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