ainda as leituras do PISA 2012
O gráfico do Público, que já tinha publicado ontem, é o que melhor resume o relatório PISA 2012 nos média portugueses que consultei. Quando se olha para um gráfico tem que se considerar as escalas usadas nos eixos que podem dar uma imagem das barras, colunas, linhas, curvas e por aí fora que iludem quem conclui com precipitação e que ajudam à manipulação.
É notório que existiu uma estagnação ou regressão nos alunos portugueses de 2009 para 2012, mas se considerarmos as últimas duas décadas (fomos testados a primeira vez em 2000) o resultado é muito positivo para a escola pública, embora se deva considerar o progresso socioeconómico da nossa sociedade com o aumento da classe média e com a atenuação da pobreza com programas do tipo do rendimento mínimo garantido (RMG). Este último programa foi muito criticado pelos que repetiam vezes sem conta: os problemas da escolarização não se resolvem "atirando" dinheiro para cima e usavam o chavão "temos que investir melhor". Preocupavam-se com as migalhas com que alguns enganavam os serviços do Estado que atribuíam o RMG, enquanto se entretinham a contratualizar PPP´s com a cobertura financeira do BPN.
Quando o relatório enaltece os rápidos progressos dos portugueses está a referir-se a essas duas décadas. É um tempo curto em Educação, sem dúvida. Talvez a estagnação ou retrocesso verificado de 2009 para 2012 explique o que foi tentado a partir de 2003 (o Governo de então tinha pouco crédito para perpetrar o que desejava e o seu chefe fugiu na primeira oportunidade) e concretizado depois de 2005 (Sócrates era o rei do arco da governação e beneficiava de uma cooperação estratégica com a presidência da República). Os resultados da tragédia que se iniciou em 2011, com o plano mais inclinado da história da democracia, ver-se-ão lá para 2016 ou 2019.
A descida continuada da Suécia nestes estudos deixa os suecos sem alternativa. Têm de reverter, penso que já o estão a fazer, a ideia de generalizar a "liberdade de escolha". Tem sido sei lá o quê ler os portugueses advogados da privatização sueca e para quem a escola pública é o adversário a abater (é mais a cobiça ao orçamento, como se sabe). As justificações para o caso sueco já vão na imigração e são tão ridículas como as declarações de um dos SE do actual MEC a reivindicar os bons resultados com uma certeza: a prova de acesso para os professores é um dos principais contributos para que Portugal chegue ao topo do mundo PISA. Mas o que é isto?