a exclusão impregnada no discurso - também do presidente
Desde a Grécia antiga, pelo menos, que se educa para o belo, para o verdadeiro e para as demais virtudes. A ideia grega de paideia (educação de crianças) encarava o processo educacional como intrinsecamente humano e verdadeiro e criador de melhores cidadãos.
Estive dois dias fora de rede e só há pouco li o discurso de Cavaco Silva no dia 5 de Outubro. Sublinha-se, desde logo, a incoerência entre a retórica presidencial e as políticas escolares que ajudou a promover na cooperação estratégica com Sócrates e no apoio aos achamentos de Nuno Crato.
Mas mesmo a retórica está impregnada de uma impossibilidade que se tornou totalitária e que contaminou as sociedades como a nossa, e algumas mais ricas ou avançadas: a meritocracia. Sei que é politicamente incorrecto depreciar a meritocracia, mas há investigadores a sublinharem a distorção educacional provocada pelo conceito.
E volto ao primeiro parágrafo para reforçar o óbvio. Desde a Grécia antiga que não se educa para o mal, para o feio e para o falso. Os que enchem a boca de meritocracia, acusam sempre os outros de falta de trabalho e de mérito. Nunca conheci um auto-incompetente. Não, por acaso já conheci alguns: pessoas muito afectadas na sua imagem por não sobreviverem a uma sociedade não solidária e brutalmente competitiva.
Do discurso presidencial, retirei o seguinte que demonstra o linguajar que consolidou a destruição vigente da escola pública: no meu tempo é que era, agora não sabem ler nem escrever, chegam muito mal preparados, os professores não são avaliados, o facilitismo tem que ser substituído pela excelência e pelo mérito e por aí fora: