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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

mais uns milhares de professores inconstitucionais

01.09.13

 

 

 

 

 

Se uma pessoa trabalhou 10 a 15 anos consecutivos para uma qualquer organização e se amanhã tem que se dirigir a um centro de emprego porque ficou sem vínculo laboral, é porque foi despedida. Ponto final. Se esse gesto for repetido por milhares de pessoas da mesma condição profissional, é um despedimento colectivo e novo ponto final. 

 

Foi exactamente isso que aconteceu nos últimos três anos aos professores e que se repete amanhã. Os cortes a eito, mais alunos por turma e redução da carga lectiva dos alunos, foram o caminho. São dezenas de milhares de professores inconstitucionais, situação condenada pela Comissão Europeia, e que o Governo, também "inconstitucional", ludibriou vinculando 3 professores.

 

O recente chumbo do tribunal constitucional aos despedimentos na função pública deixa estes milhares de professores perplexos com a inconstitucionalidade dos despedimentos. Até a mobilidade legislada por Sócrates (é bom que se recorde), estava em vigor há décadas nos professores. Assim de repente, passei, desde a década de oitenta do século passado, por Lisboa, Porto, S. João da Madeira, Chaves, Vila Real, Peso da Régua, Viana do Castelo, Beja, Benedita e Caldas da Rainha até conseguir alguma estabilidade.

 

Os professores perceberam que são o alvo porque são muitos e porque as nossas "elites" têm um qualquer problema mal resolvido com a escola. Estão cansados de serem os únicos. Não há grupo profissional, no público, no privado, nos encostados ao estado, nas autarquias, nos aparelhos partidários e por aí fora, que tenha sido alvo de um flagelo sequer semelhante. Amanhã recomeça a saga, desta vez com mais uns milhares nos centros de emprego e outros tantos colocados ainda mais longe de casa após 20 anos de serviço docente.

 

E já agora: será que os professores, e o fundamental planeamento da rede escolar, têm que carregar o caos organizacional de um país com uma trágica e corrupta (tudo comprovado) gestão do território em que, apenas como exemplo gritante, a sua importante administração foi entregue, por Durão Barroso e Passos Coelho, ao inenarrável Miguel Relvas?

 

Os professores contratados não desistem e no Expresso pode ler-se o seguinte:

 

 

 

 

 

3 comentários

  • Sem imagem de perfil

    Pedro

    02.09.13

    Caro Paulo, aqui não se trata de ser de direita, do centro ou da esquerda, mas sim da capacidade de se ter uma visão que seja o mais realista, contextualizada e imparcial do período difícil que vivemos, numa lógica que não seja meramente corporativa...
    Em relação à redução do número de professores em quase 30 mil nos últimos anos, aconselho-o a reler o estudo "Education at a Glance" de 2012 para compreender a evolução registada.
    Quanto à natalidade, qualquer demógrafo poderá explicar-lhe melhor que qualquer carta educativa do país, de uma região ou de um concelho tem em conta as perspectivas do número de alunos a pelo menos 20 anos... E volto a frisar que nunca me cingi apenas à questão demográfica, mas também à necessidade de se "fazer mais com menos", numa lógica de racionalização dos recursos existentes que já era algo previsto há muito tempo e que a entrada da troika em Portugal apenas acelerou.
    Mas, enfim cada um tem a sua opinião. Uns mais idealistas, outros mais realistas... Uns mais utópicos, outros mais pragmáticos...
    Quanto à culpa dos professores? Nenhuma... Mas, não tenha dúvidas que as asneiras cometidas durante muitas décadas no sector da Educação, com a conivência dos sindicatos (recordo apenas as reformas de colegas nossos aos cinquenta e poucos anos de idade), originou esta situação: uma espécie de volte-face, em que pelas asneiras de uns pagam os outros... Mas isso já é outra conversa...
  • Pedro: já discutimos muito a questão da demografia e até o relatório "Education at a Glance 2012". Há um forte desinvestimento na Educação, muito para além da troika, e os números de 2013 serão elucidativos. É bom que se sublinhe que os governos de Sócrates "escolheram os professores" e que o actual acentuou muito a tragédia. Sobre isso o Pedro não acrescenta uma palavra. Usa sempre os mesmo argumentos o que, naturalmente, aborrece as pessoas.
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