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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

objective-se (reedição)

20.05.09, Paulo Prudêncio

 

 

 

 

 

Houve aspectos relacionados com o modelo de avaliação do desempenho de professores que me deixaram perplexo. A ideia dos objectivos individuais era um deles.

 

Percebeu-se que o famigerado modelo era uma espécie de sopa onde couberam todos os ingredientes. Deu ideia que incluía tudo o que se conhecia sobre a matéria.

 

Desde as 4 dimensões desdobradas numa cascata hierarquizada que englobava 25 domínios (ou elementos), 100 indicadores e 1000 descritores (se se estabelecesse 10 descritores para cada indicador para se atingir o propalado rigor, pois claro).

 

Digamos assim: mais do que avaliar cada professor, o que importava era atribuir ao professor uma pontuação de 1 a 10, que seria a média aritmética das 4 dimensões, que por sua vez seria cada uma delas a média dos domínios respectivos, que, e por sua vez, seria a média dos indicadores respectivos onde um descritor descreveria a acção correspondente à pontuação obtida pelo professor em cada um dos indicadores.

 

Mas não bastou. A modernidade (com mais de 50 anos, diga-se) impôs a definição de objectivos. Estes poderiam ter sido de 1 a 100, uma vez que se relacionavam, cada um deles, com os indicadores do modelo. E para que é que serviam? Para nada.

 

Imaginemos que um professor estabelecia como objectivo melhorar a introdução nas suas aulas das tecnologias da informação e o objectivo era atingido: tinha melhorado. E depois? Pois é, e depois não acontecia nada, porque essa melhoria era independente da pontuação obtida nesse indicador. Aliás, a pontuação nesse indicador, como nos outros 100, teria sempre de ser apurada independentemente dos objectivos definidos pelo avaliado. Ou seja: os objectivos, como já foi referido, eram uma excrescência completamente supérflua e que atingiu proporções delirantes.

 

Lembro-me de ler propostas de cópias nacionais de objectivos a serem entregues pelos 140 mil professores até à guerra dos prazos e mesmo ao heróico finca-pé da "não entrega de objectivos individuais". Como se da definição de objectivos se chegasse a lado algum.

 

Para melhor ilustrar a paranóia a que se chegou, a sapiente administração das escolas conseguiu o ridículo supremo: construiu uma aplicação informática onde, para além dos dados biográficos do professor e das questões processuais de carácter administrativo, inseriu um único campo de lançamento de dados: o que se referia aos objectivos individuais.

 

Santo deus e eu que sou um ateu convicto.

 

Adenda:


E hoje a saga continuou na Assembleia da República sem qualquer informação adicional relevante.

 

 

 

(Reedição. 1ª edição em 9 de Dezembro de 2008).

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