da certeza - escolas em luta no 6 de dezembro
Foi mais um sábado dedicado à longa luta dos professores portugueses. Faltámos ao período da manhã, almoçámos pelo caminho e chegámos a Leiria ao início da tarde. Encontrámos uma cidade em estado de compras de natal e tivemos dificuldade em estacionar o automóvel na zona envolvente do bem recuperado Teatro José Lúcio da Silva.
Encontrámos o grande auditório bem preenchido por professores e, ao fim de pouco tempo, detectámos uma atmosfera envolvida pela força da certeza. Nada há a fazer: os professores portugueses radicalizaram, como alguém disse, a sua posição de modo definitivo: encontraram na sua dignidade profissional, e na defesa da escola pública, um lugar permanente e seguro que alimentará a sua resistência, dê lá por onde der. É só desse radicalismo que se devem convencer os que ainda acreditam que podem vencer os professores através da encenação mediática e do seu jogo de sombras.
Tenho ouvido falar bastante da importância da opinião pública e da marcação de agendas mediáticas. Não desprezo esse lado do jogo.
É bom que se repita até à exaustão o seguinte: um governo com maioria na Assembleia da República, beneficiando de uma cooperação estratégica com o presidente da República, com a opinião pública toda do seu lado e ainda com o beneplácito da maioria da população começa por humilhar os professores na sua imagem pública para depois fazer o que se sabe.
Três anos depois, não posso deixar de sorrir, e de exaltar o enorme orgulho que me invade a alma, quando olho para a actualidade: os professores portugueses, que partiram de modo muito corajoso para esta luta fazendo dos seus 140 mil a sua opinião pública, conseguem o que se está a observar: já nem o partido socialista consegue esconder as divisões que se verificam no seu imenso (pantanoso? como alguém disse) seio, grande parte dos fazedores de opinião mudaram de lado e a diabólica equipa que ainda governa o ministério da Educação está aos papéis e em acentuado processo de descredibilização junto dos mais variados sectores da sociedade. É um momento belo. Daqui por uns anos teremos muito orgulho nesta lição de democracia e de civismo que estamos a dar ao país. Os nossos adversários, os estruturais e os circunstanciais, podem estar seguros do seguinte: não voltaremos atrás.
Nesta altura do longo processo, sublinho algumas questões:
- não concordo com a ideia de que a plataforma sindical esteja a representar uma espécie de entendimento II; a ideia de aceitar uma negociação totalmente aberta para 15 de Dezembro associada ao cancelamento das greves regionais é inteligente, no que ao jogo mediático diz respeito, e deixou o governo ainda mais desorientado;
- o papel que ontem, e hoje, foi atribuído a um dos secretários de estado do ministério da Educação nem merece referências especiais: parece coisa de incendiário e do tipo vale tudo e mais qualquer coisa;
- os movimentos que promoveram o encontro de hoje, APEDE e MUP, continuam vivos e de boa saúde; as suas direcções são voluntárias e exercidas em completo prejuízo dos seus tempos livres e das suas vidas pessoais e familiares: fazem o que podem e neste processo desempenharam, e desempenham, um papel fulcral: obrigaram à antecipação das acções de luta dando voz à saturação dos professores e devem continuar a sua acção até ao momento em que entendam necessário;
- a luta deve continuar no local fundamental: dentro de cada uma das escolas. Desde logo, pela recusa da proposição inicial do modelo de avaliação de desempenho: a entrega de um qualquer número de objectivos individuais.
Com o devido agradecimento ao Ramiro Marques, do blogue Profavaliação,
publico as principais tomadas de posição da revigorante reunião de 6 de Dezembro de 2008: