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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

posição da associação de professores de matemática

02.07.13, Paulo Prudêncio

 

 

 

 

Recebi por email com pedido de divulgação.

 

 

 

 




"Posição da direção da Associação de Professores de Matemática face à recente homologação do Programa de Matemática para o Ensino Básico

 

A direção da APM tomou conhecimento da recente homologação do programa de Matemática para o Ensino Básico que tem como essência as Metas Curriculares de Matemática (agosto 2012) e sobre as quais já anteriormente se pronunciou. Manifesta publicamente, mais uma vez, total discordância com esta alteração inoportuna e inapropriada de programas e bastante preocupação com as consequências que certamente daí advirão. O programa agora homologado apresenta apenas alterações de pormenor à proposta colocada à discussão, pese embora as extensas e profundas críticas que mereceu da parte de instituições e grupos de professores que entenderam tornar públicos os seus pareceres.

No momento em que os resultados nacionais (prova final do 1º ciclo) e os resultados dos testes internacionais TIMSS e PISA mostram melhorias na aprendizagem dos alunos portugueses, a direção da APM estranha as decisões do Ministério da Educação (MEC). Continua a considerar fundamental que os estudos de avaliação realizados sobre a experimentação e a fase inicial da implementação do PMEB de 2007 sejam tornados públicos.

 

Lembra que, ao contrário do que tem sido dito pelo MEC e pelos autores das metas e do programa agora homologado, as perspetivas de aprendizagem por ele veiculadas divergem substancialmente das orientações curriculares de países considerados de referência nesta matéria e distanciando-se das indicações subjacentes aos estudos internacionais promovidos pela OCDE e outros organismos, como o PISA e o TIMSS. Ora, estes estudos, no que concerne à Matemática, centram-se nas aprendizagens que são consideradas como fundamentais à vida do dia-a-dia, à vida profissional — mas também ao desenvolvimento do conhecimento científico e do progresso das nações — entre as quais se encontram o raciocínio e comunicação matemáticos e a resolução de problemas, bem como o cálculo mental e as estimativas e as conexões matemáticas. A ser efetivamente adotado este programa, que desvaloriza estas aprendizagens, os resultados dos alunos portugueses nesses estudos correm grandes riscos de vir a piorar..

 

Reafirma que este programa vai pouco além do enunciar de uma lista de tópicos e subtópicos matemáticos e com as Metas Curriculares, de que decorre, estabelece um vasto conjunto de objectivos muito específicos numa formulação de cariz prescritivo, condicionando assim fortemente a liberdade e autonomia dos professores na determinação das suas opções metodológicas e sublinha que, para além da discordância com este documento que várias vezes deu a conhecer, continuam a persistir incorreções na versão agora homologada.

 

Alerta que a homologação deste programa culmina um processo apressado de que não foi dada justificação fundamentada, vem desprezar o trabalho que os professores têm estado a desenvolver nas escolas e com os seus alunos no âmbito do atual programa, fazendo tábua rasa de todo o investimento realizado no acompanhamento da aplicação desse mesmo programa iniciada em 2008/09 e na formação de professores desenvolvida no âmbito do Programa de Formação Contínua (2005-2011) em que estiveram envolvidos muitos milhares de docentes. Esta alteração precipitada vai certamente provocar grande instabilidade nas escolas, junto de professores e alunos, atingindo também pais e encarregados de educação; refere-se, a título de exemplo, que no próximo ano letivo, os alunos que entrarem nos 5º e 7º anos iniciarão o seu terceiro programa de Matemática, o que denota um total desrespeito pelos alunos.

 

A direção da Associação de Professores de Matemática entende pois que não há qualquer justificação para que esta medida seja implementada, com a agravante da pressa com que o processo está a ser conduzido e sem paralelo em qualquer outra disciplina; considera que ela será prejudicial para o ensino e a aprendizagem da Matemática no nosso país; e solicita, por isso, a anulação da homologação deste programa e a consequente manutenção do programa em vigor até que decorra tempo suficiente para que uma avaliação fundamentada da sua implementação possa ser realizada, permitindo, deste modo,  identificar eventuais deficiências ou fragilidades e formas de as corrigir.

 
 
A direção da APM
25 de junho de 2013"