dos 60 kms
Temos de esperar para saber o que se jogou na mesa negocial. Se as duas questões acordadas forem a mobilidade geográfica agravada do actual concelho para 60 kms (os 200 kms iniciais foram um ponto de partida negocial) para os professores dos quadros de escola ou agrupamento, esta não é compensada com a garantia das 5 horas de trabalho individual na passagem para as 40 horas.
É evidente que existirão alguns avanços se a requalificação não se aplicar aos professores e se os quadros de zona pedagógica não forem da dimensão proposta pelo MEC.
Mas não nos esqueçamos: haverá, se for isto o acordado, mais um despedimento de milhares de contratados.
E sem querer maçar muito os leitores com números, podemos fazer um pequeno balanço. Um professor contratado é um investimento de 18000 euros anuais, com subsídios, claro, e 5000 professores equivalem a 90 milhões de euros o que é uma migalha se comparado com os boys e com as prebendas de nomeação política, com os estudos encomendados pelo MEC para mais do mesmo e já nem vou às PPP´s e por aí fora. O que está em causa é o modelo radical de Estado mínimo na lógica thatcheriana. Estas questões servem para ir cortando a coluna vertebral dos que resistem. É um jogo de poder em que o que mais conta é simbólico e onde as pessoas são também migalhas.
Os cortes a eito no sistema escolar e a transversalidade das carreiras dos funcionários públicos (como se professores, polícias, médicos, enfermeiros, administrativos e por aí fora fosse tudo a mesma profissionalidade) têm, a par do nivelamento do público pelo privado, um único objectivo: cortar nas pessoas, nos salários e nos direitos para que a precarização permita a privatização e o alargamento do negócio nos serviços do Estado. Os modelos Pingo Doce ou Continente são os que se advogam para a gestão de pessoas ao serviço do Estado. Ainda não é a China, mas lá chegaremos. No caso do sistema escolar, o modelo GPS é o exemplo a seguir por estes ultraliberais que estão, desde 2007 (lembram-se da New Public Management tão cara à terceira via socialista?), a dar passos em frente.
Espero que, e apesar da lição de cidadania dos professores, não dêem hoje mais um.
Há um optimismo que me anima: os professores, e a defesa do seu emprego é também em nome da escola pública, ganharam no argumentário e isso é um sinal de esperança para o futuro. Se a Educação para todos é uma prioridade, este imperativo não se faz sem professores.