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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Da pulverização do tempo

12.06.13

 

 

 

 

Carlos Fiolhais escreve hoje uma crónica, no Público, frontalmente contra as greves dos professores. Usa o argumento anti-sindical ("Certas greves são usadas como feitiços e, nesse caso, os dirigentes sindicais portam-se como feiticeiros. Os dirigentes dos sindicatos dos professores estão a usar a greve como feitiço para esconjurar ameaças à "classe docente". Mas pode bem ser que o feitiço se vire contra os feiticeiros"). E continua num registo demolidor para os sindicatos que me escuso de repetir porque não sou dado a redundâncias.

 

Carlos Fiolhais é mais uma pessoa que pensa que os professores são instrumentalizáveis, que não percebe que os sindicatos se limitam a sobreviver e que são empurrados pela força da razão. Carlos Fiolhais devia sentir a dor dos professores se a linguagem tivesse essa capacidade de transmissão. Como a linguagem não o consegue, o investigador devia estagiar numa escola TEIP da periferia de uma grande cidade durante um ano, leccionar turmas com 30 alunos e ser director de turma na componente não lectiva.

 

Mais à frente, Carlos Fiolhais diz assim: "Há males que vêm por bem: pode ser que, cumprindo-se o ditado sobre o feitiço, surja uma Ordem dos Professores que valorize os princípios de ética profissional mais do que os sindicatos". É. Carlos Fiolhais ignora que na origem desta greve estão exactamente princípios de ética profissional. Mas enfim.

 

Sei lá. Como vivemos fora dos tempos de curto, médio e longo prazos (opinião pública, legislatura e constituicão) talvez Carlos Fiolhais quisesse fazer uma gracinha. Como decerto entregou a crónica antes de se saber a decisão do tribunal arbitral sobre os exames, a vertigem do tempo de opinião pública traiu-o numas breves horas. Deve ter sido isso.

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