O blogger José Morgado, do Atenta Inquietude, tem um registo informado, sensato e equilibrado. Fez um post, "Escola Pública. O que virá a seguir", em que escreve assim:
"(...)Como se costuma dizer, fontes bem colocadas fizeram-nos chegar algumas dessas medidas. Por entender que a informação é um direito, partilho aquilo que me chegou, referindo apenas a área da educação. Assim para o sistema público de educação parece existir a intenção de diminuir para metade os docentes no sistema e aumentar a carga horária lectiva do seu trabalho para as trinta horas semanais. O número de alunos será fortemente reduzido pois está prevista a introdução de exames obrigatórios todos os anos, logo desde o último ano da Educação Pré-escolar. Pretende-se assim que poucos alunos permaneçam no sistema exigindo, portanto, menos escolas e poucos professores com a vantagem acrescida de que sendo bons alunos poderão estar pelo menos cinquenta em cada turma e exigem menos tarefas de planificação, basta seguir as metas curriculares. Os poucos que ficam no sistema acederão a qualificação que lhes permitirá constituir a futura elite científica, cultural, política, económica e cultural.
Os restantes alunos, a grande maioria, serão encaminhados para fábricas a instalar em Portugal por empresários de países habituados a rentabilizar o trabalho dos mais novos que serão incentivados através dos dispositivos de diplomacia económica a desenvolver por Paulo Portas.
Realizar-se-á uma profunda reforma curricular que deixará até ao 9º ano apenas três disciplinas, Matemática, Português e Inglês ou outra língua estrangeira (pensa-se no mandarim) pois tudo o resto não serve para nada e ocupa professores, encarecendo o sistema. No Ensino Secundário teremos ainda Ciências e Física que possibilitarão o acesso a formação superior nas áreas que verdadeiramente interessam.
Será introduzido um novo dispositivo de avaliação de professores assente exclusivamente nas avaliações dos seus alunos nos exames nacionais a realizar todos os anos, cada professor apenas poderá ver até 3 % dos seus alunos com nota negativa, mais do que isso e é o despedimento com justa causa por inadequação à função.(...)".
A propósito do texto, alguns bloggers desenvolveram uma interessante troca de emails. A conclusão do José Morgado é preocupante: a sua ficção alimentou, no mínimo, a dúvida entre uma série de pessoas atentas e informadas e isso assustou-o. Tal como Orwell, tem razão o José Morgado.