denominador comum
A saga anti-professor poderá atingir em breve mais um auge. A luta em defesa da escola pública já vai longa e permite que cada um olhe para onde andou e que não se esqueça do olhar dos outros. Serão muito poucos os que olham em frente e de cabeça erguida, mas isso não deve impedir um denominador comum. Sabemos que o liberalismo acentua o individualismo, mas tenho a sensação que os professores continuam a ter mais motivos de união do que de divisão. O número de alunos por turma, a carga curricular, os horários dos professores e a gestão escolar são fortes factores de união que merecem a preocupação de toda a sociedade.
Já escrevi textos fracturantes nos momentos em que acordos e entendimentos eram inaceitáveis e cortavam a coluna vertebral da luta dos professores. Também sobre uma greve, deixei este registo: "(...)O meu modo de ser remete-me para o risco individual e quotidiano. Tem sido assim ao longo da vida e mudarei muito pouco. Por outro lado, não sou dado a momentos de catarse colectiva. Em regra, respeito quem protesta e dou atenção aos motivos.(...)".
Não há instituições imaculadas nem incriticáveis, e ainda bem, e não nos devemos iludir com quem faz jogo duplo. Mas isso é diferente de atirar pedras a torto e a direito e não olhar para os próprios telhados.
A exemplo de 2008 e 2009, a força dos professores foi a força da razão de uns poucos e, repito, não encontro justificações para que assim não volte a ser. Nessa altura, os professores estavam ainda mais isolados. Não podemos é querer 120 mil na rua, em greves a avaliações ou noutra variável que se entenda fundamental (os lurditas d´oiro que não se esqueçam que a senhora legislou serviços mínimos a exames). É que já nem 120 mil professores existem.