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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

da lucidez (reedição)

15.11.09

 

 

(A reedição deste post justifica-se pela celebração

do 1º aniversário da manifestação dos movimentos

em 15 de Novembro de 2008)

 

 

 

Nem sei o que é que vai acontecer até ao final do ano de 2008 na luta dos professores portugueses. Mas como já vamos em meados do mês de Novembro, posso fazer uma espécie de balanço no que a manifestações diz respeito: participámos em quatro, todas históricas, mas, e naturalmente, com dimensões muito diferentes: as mega-manifestações de 8 de Março e de 8 de Novembro, a manifestação de 15 de Novembro e uma outra, em 4 de Março, com umas quinhentas pessoas, se tanto, na cidade onde vivemos: as Caldas da Rainha.

 

 

 


 

 

 

Quando intitulei a célebre manifestação de 8 de Março de 2008 de marcha da indignação  e depois a de 8 de Novembro como a marcha da razão não queria dizer nem que a primeira não estava carregada de razão nem sequer que a segunda não se revestia de ondas de indignação. São apenas impressões e necessidades de ajustamento dos meus escritos.

 

O mesmo acontece agora com a lucidez. Sabe-se a história que envolveu a marcação de duas manifestações para o mês de Novembro. Já escrevi muito sobre isso. O meu pequeno contributo foi pensado com um único objectivo: reforçar a unidade dos professores.

 

Mas como não se desconvocou a manifestação de 15 de Novembro e porque a sua génese obrigou ao acordar impressionante a que se tem assistido, não podíamos deixar de dizer presente.

 

 

 


 

 

 

E não foi fácil. Mais um sábado em desencontro com a família e mais um dia de descanso perdido. Acordámos cedo, pensámos bem sobre o assunto e decidimo-nos pela participação.

 

Lembrei-me da marcha da lucidez por me ter parecido que a sua realização, e a participação a que assistimos, reforçou a ideia que o futuro terá forçosamente contornos diferentes no que à voz dos professores diz respeito. E isso é notório se se tiver em consideração a apressada movimentação a que se assiste em diversos sectores: desde os meio atónitos sindicatos até aos partidos políticos e às suas conhecidas, ou emergentes, oposições internas, passando pela presidência da República e pelos desorientados fazedores de opinião. Muitos se acotovelam na busca sibilina dos palcos e no sentido de conseguir um lugar no novo mundo que adivinham mas que desconhecem.


 

 

Já escrevi diversas vezes que só daqui por uns anos conseguiremos compreender os efeitos desta nova rede. Há dias li um texto que explicava a eleição do presidente Obama como a eleição do presidente 2.0. Presidente 2.0 por ter contrariado o que até agora vinha acontecendo com a utilização decisiva dos média mainstream (nomeadamente os jornais e as televisões) e pelo facto da sua campanha se ter baseado em larga escala na utilização da chamada web 2.0 onde se situa o recurso ao fenómeno de comunicação e informação que são as redes sociais na internet. O novo presidente norte-americano assume até a ideia de postar com frequência de modo a dar a conhecer à rede as principais decisões da casa branca. Veremos com tudo isso se desenvolve.

 

 

 

 

Da marcha da lucidez trouxe algumas impressões.

 

A atmosfera da manifestação foi a esperada: muito civismo, aqui ou ali ouviu-se o entoar das frases mais conhecidas, e registámos dois momentos de apupos (num dos casos, e ao que nos informaram, por se estar a passar em frente à casa do primeiro-ministro e o outro momento certificou a passagem pela sede do partido socialista).

 

Sentimos um conjunto de pessoas seguro dos seus actos e com a firme ideia de se atrever a pensar. Não ouvi uma única palavra anti-sindical e também não registei um único apoio dos sindicatos. A segunda formulação não me surpreendeu, claro, mas não deixou de me desgostar. Sempre foram, no mínimo, 7 mil professores. Mas enfim, nada que o tempo não se encarregue de explicar.

 

 

 

 

 

 

E alguém lembrou-me uma passagem de um texto de Kant que parte da seguinte questão: o que é o iluminismo?

 

O Iluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é o culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria se a sua causa não reside na falta de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo sem a orientação de outrem.

Sapere aude! Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento! Eis a palavra de ordem do iluminismo.

 

 

 


 

 

A marcha da lucidez desaguou em frente à Assembleia da República. Eram milhares os professores presentes. Sucederam-se os discursos sempre em tom sereno mas afirmativo, pareceu-me. Fiquei com uma certeza: a desistência nunca será uma palavra de ordem.

 

 

(As imagens foram copiadas dos blogues de Paulo Guinote

(a primeira, a segunda e a quinta) e de Ramiro Marques (a quarta).

Apenas uma das imagens foi registada pelo meu telefone (a terceira).

A minha fraca veia fotográfica esteve mesmo em dia não).


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