da génese das corporações
Os ultraliberais do arco governativo passaram, e passam, o tempo a acusar os professores portugueses de corporativismo. Não é uma classificação que me desagrade, apesar da forma injusta como é usada já que se "promove" com frequência os deveres de cidadania e os méritos da defesa da escola pública e da profissionalidade dos professores. Como é que se cumpre esse dever cívico sem uns laivos de corporativismo é que gostava de saber. Saliente-se que os professores que mais se expõem nesse papel são os primeiros na autocrítica do grupo profissional ou da cultura organizacional das escolas.
Esses acusadores recorrem com frequência ao "pai do liberalismo". Ora, Adam Smith foi claro: as corporações nascem de grupos minoritários de indivíduos que impedem o acesso de outros à profissão - o exercício deveria, portanto e para não ser corporativo, ser mais alargado e gerar mais emprego - e que mantêm esses privilégios durante várias gerações.
No caso dos professores portugueses, a acusação em relação aos últimos anos carece de fundamentação. Já os lucros do capital dos empreendedores das cooperativas de ensino encostadas ao Estado português, e sem transparência, entra mais directamente na classificação corporativa.
Adam Smith (2010:169) em Riqueza das nações, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.