e mais umas
É claro que a luta dentro das escolas da cidade onde vivemos desperta-nos um interesse mais particular.
Nas duas escolas secundárias públicas das Caldas da Rainha, e posso dizê-lo com toda a segurança, decorrem processos que podem conduzir, em breve, à suspensão do modelo de avaliação do desempenho:
- Na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro decorre um abaixo assinado de acordo com o que pode ler-se aqui.
- Na Escola Secundária Raul Proença o ponto de partida assentou num texto que merece toda atenção.
Ora leia.
“Manifesto” pela Dignidade…
Para fazer jus à vontade indómita e aos sentimentos mais lídimos dos professores do Departamento Curricular de Ciências Sociais e Humanas.
É esta Dignidade que está ferida pela indignidade que os responsáveis do Ministério da Educação fizeram recair sobre os professores e a profissão docente culpabilizando-os de todos os erros, aviltando a sua imagem pública, desautorizando-os na sua função educativa, minando-os nas suas convicções, fragilizando-os nas suas relações, esgotando-os nas suas energias, castigando-os com mentiras insidiosas e aprisionando-os num complexo e estranho sistema de avaliação, feito de muitos domínios, numerosos elementos, imensos indicadores e intermináveis descritores.
Em suma, feito de intenções inconfessadas e disfarçadas por uma gigantesca panóplia de critérios, ditos de avaliação, que, pela quase impossibilidade prática de aplicação dos mesmos, mais não permite do que ponderações e quantificações esgotantes e susceptíveis de lançar as escolas, em geral, e a nossa escola, em particular, num estado de confusão ditado pelo facto de os avaliadores e os avaliados serem, simultaneamente, actores e espectadores envolvidos numa miscelânea de papéis, no contexto dos quais os avaliadores sentem o sabor amargo de uma imposição que os torna legalmente competentes, mas não pessoalmente legitimados, e os avaliados sentem a legitimidade para não reconhecer o artificialismo legal que define e estabelece o papel dos seus pares como avaliadores.
Deste modo, sendo esta a realidade de facto e porque dela decorre um ambiente escolar cada vez menos saudável, quer do ponto de vista do estado de espírito dos professores, individual e colectivamente considerados, quer do ponto de vista da disponibilidade psíquica e física necessária à criação das indispensáveis condições para o exercício de uma prática lectiva de qualidade, os professores do Departamento Curricular de Ciências Sociais e Humanas são unânimes em considerar que a Escola, através dos seus órgãos competentes, deverá equacionar a possibilidade de uma tomada de posição no sentido de suspender o actual modelo de avaliação e declarar a necessidade de o mesmo ser repensado e rectificado, em nome da dignidade dos professores e da profissão docente, de modo a não pôr em causa o normal e adequado funcionamento da Escola, para bem de toda a comunidade educativa.