o poder, os vazios e a bancarrota
O poder tem horror ao vazio, os diversos espaços políticos estão preenchidos e em Portugal também (sem ser o fim da história, obviamente). Temos de tudo na régua ideológica: da direita radical à esquerda radical, passando pelas nuances mais aproximadas ao centro.
Nas últimas três décadas criámos um espécie de arco do poder e ostracizámos para a governação as esquerdas radicais, mesmo que com representação parlamentar, com a ameaça de que a sua presença governativa seria bancarrota pela certa. Somos quase únicos na Europa nesse domínio e talvez os gregos e os espanhóis nos acompanhem nessa discriminação.
Chegámos ao estado actual com o referido arco do poder. Essa governação, dita responsável, trouxe-nos para a falência. E se comecei o post com o facto do poder ter horror ao vazio, foi apenas a pensar que a direita radical está representada em termos parlamentares e governativos. Às tantas, até está bem inserida em todos os partidos do arco governativo. Por incrível que pareça, os tais da esquerda radical são os únicos a quem não se pode apontar o dedo todo. Mas que grande ironia, realmente.
Se o euro terminar em breve, ficamos a saber o que nos acontecerá. Os alemães já se estão a precaver e serão os únicos a ver a moeda valorizada. Portugal ficará no fim da lista, embora ligeiramente acima da Grécia para certificar a prosápia do inenarrável Passos Coelho. As poupanças de cada um cairão para metade e o resto da história será igualmente trágica.