tudo muito sistémico
Quando se nacionalizou o BPN, o argumento que mais pesou foi a possível corrida aos levantamentos bancários provocada pela incerteza e que originaria falências em catadupa: a tal crise sistémica.
A nacionalização absolveu milhares de milhões de euros de corrupção comprovada e o banco voltou à iniciativa privada por uns míseros milhões. Um negócio que a história retratará na sua monstruosa dimensão.
Mas não ficou por aqui. Os contribuintes das classes média e baixa tinham de financiar o aumento da dívida (para recebrem salários, imagine-se) provocada pela banca e os credores exigiam juros altíssimos: a celebre pré-bancarrota. Era necessário um Governo que perpetrasse o desfalque e o actual não teve com panaceias: cortou a eito, de forma instantânea e abundantemente elogiada.
A dívida portuguesa foi a mais lucrativa de 2012 (juros altíssimos e pagos a pronto pelos contribuintes, pensionistas incluídos) e a banca portuguesa conseguiu lucros invejáveis com a compra da sua própria divida. Estranho? Nem por isso. É tudo muito sistémico.
Mais uma detalhe: só faltava que alguns dos mentores bancários, agora pensionistas, andassem a gozar com as pessoas e integrassem as manifestações como "movimentos de reformados indignados". Os portugueses têm fama de serenos, mas testes de stress desta dimensão podem acabar mal.