pandora (2)
(O primeiro post Pandora é de 21 de Junho de 2010. Pareceu-me oportuno reeditar, e reescrever, quando a ideia de mega-agrupar recomeça a povoar as cabeças que ainda não se satisfizeram com a desgraça instituída. É até incrível como ainda se confunde mega-agrupar com combate ao despesismo ou melhoria na eficácia administrativa. É preciso muita impreparação para não se conseguir fazer melhor.)
A gestão escolar voltou naturalmente à superfície por causa dos mega-agrupamentos. Será mais um período sobreaquecido em que as pedras e os telhados sentirão o peso do tempo, a memória reavivar-se-á e os professores começarão mais uma espécie de ajuste de contas silencioso. É natural. Tem sido uma luta desgastante que deixou marcas profundas.
Muitos associam, e bem, o modelo de gestão inventado pelo PS aos mega-agrupamentos, apesar dos primeiros agrupamentos, as escolas básicas integradas, terem nascido no início da década de noventa do século XX como agrupamentos verticais. Instalaram-se escolas com segundo e terceiro ciclos que integraram uma, duas ou três escolas de primeiro ciclo. Tudo no mesmo edifício.
Os fundamentos da lógica empresarial aplicados à escola-organização são desfavoráveis à ideia de agrupamentos dispersos no espaço geográfico e em qualquer das diversas imagens que uma escola pode assumir: empresa, burocracia, democracia, arena política, anarquia ou cultura. Até a tão propalada cultura empresarial de escola não se afirma sem ser na relação de proximidade estabelecida no mesmo espaço físico. Foi também isso que fez de algumas escola básicas integradas casos singulares e de referência.
Há outras formas de reduzir despesa como se defende aqui sem recorrer aos problemas em curso. A ideia que se persegue nesta fase descaracteriza qualquer escola. Mais ainda numa época de quase mercado. Pior ainda se assente num modelo de gestão que retira a democracia da escola.
São estes os fundamentos. Aceita-se a discussão. Tem sido denunciado o oportunismo de quem só agora vem clamar por justiça. Foram avisados, há uns quatro anos, que estavam a abrir uma caixa de Pandora.