de beliscão em beliscão até às intemporalidades
Li o texto de Lurdes Rodrigues (MLR) na edição impressa do Público de hoje e fui-me beliscando a cada parágrafo.
A certa altura, MLR diz que "(...)vale a pena recordar que o período entre 2001 e 2008 foi marcado por medidas de contenção e racionalização da despesa pública de educação...(...)" e esqueceu-se de dizer que, no final desse período, fez aprovar o decreto-lei nº75/2008, sobre gestão escolar, que culminou a destruição das escolas públicas e que abriu portas ao que agora estamos a viver.
Esteve sozinha nessa trágica decisão? Não. É verdade que não. Foram poucos os resistentes.
Até a ocasião mediática foi incluída na tentativa de sei lá o quê.
"(...)3. A controvérsia que opõe escola pública a escola privada, declarando a falência de uma e enaltecendo as virtudes da outra, é sobretudo ideológica e motivada por interesses nunca explicitados. Toda a informação disponível sobre a prestação do serviço público de educação por privados mostra que essa opção não implica menos gastos nem dá garantias de uma melhoria global da qualidade do ensino e dos resultados. Não dispomos de avaliações rigorosas sobre esta questão em Portugal, mas os estudos conduzidos pela OCDE com base em comparações internacionais concluem que a privatização dos sistemas públicos de educação não garante a qualidade global e agrava os riscos de aumento das desigualdades escolares e sociais.(...)"
Desculpem-me o exagero, mas lembrei-me de Platão (É Platão que vai (três vezes) ter com o tirano Dionísio de Siracusa) e do seu mestre Sócrates. Se entrarmos num registo intemporal, podemos aplicar à actualidade (a MLR e ao seu chefe) a seguinte passagem da República de Platão (1949:VII. F.C.Gulbenkian.Lisboa):
"(...)Não é necessário excluir a Apologia de Sócrates, que, embora contenha algum diálogo, é, pelo teor de apresentação, fundamentalmente um monólogo.(...)"