o efeito boomerang
Os defensores da privatização de lucros no ensino não superior andaram anos a fio a afirmar o despesismo das escolas do Estado e a pugnar por estudos.
Como os estudos apareceram e não lhes agradam, e o país entrou em fase de "refundação", cruzam os indicadores da OCDE com os do PISA para advogarem que o nosso investimento justificava melhores resultados dos alunos. Fazem terraplenagem da nossa história, omitem que ainda temos 30% de abandono escolar e 10% de analfabetismo e só lhe falta dizer que os cortes de subsídios devem permanecer apenas para os professores das escolas do Estado para que o investimento médio por aluno nos aproxime da parte baixa dos países desenvolvidos.
Talvez se enganem.
O facto de nunca admitirem cortes nas cooperativas de ensino é estranho.
Mesmo sem estudos publicados, o Estado contratualizou durante muito tempo 115000 euros por turma e de repente baixou para 80000 euros com Isabel Alçada, tendo Nuno Crato alterado para 85000. Como é que se chegou a estes números é que gostávamos de saber.
Mas, e como disse, talvez se enganem.
É que já há quem defenda uma racionalização do MEC a custo zero com a passagem das turmas das cooperativas de ensino para as escolas do Estado que estão com salas de aula vazias e com professores com horário zero. Esta medida terá amplo apoio popular e reduzirá substancialmente a tal despesa da administração central.
Este inferno dos números deixará a nossa sociedade ainda mais doente.
Já se vêem sinais disso nos protestos das escolas católicas ou nas declarações do secretário de Estado Casanova quando anuncia a revisão dos contratos com as cooperativas de ensino.