ainda o investimento médio por aluno
Neste certeiro post do Paulo Guinote, que deve ser lido com toda a atenção, o João Daniel Pereira, da comissão de representantes do movimento "Em defesa da escola pública do oeste", fez o seguinte comentário:
"Nas Caldas da Rainha, um estudo desse género provaria o que para nós, professores do ensino público, é mais do que evidente. O colégio do grupo GPS, situado em plena zona urbana, tem aumentado o número de alunos todos os anos. Isto não resulta da escolha dos encarregados de educação, mas da obrigatoriedade de turmas inteiras das escolas de primeiro ciclo (agora “agrupadas” com uma escola secundária) transitarem para esse colégio.
Esses alunos, como é óbvio, fazem todo o percurso escolar no ensino particular e cooperativo, quando havia lugar para eles nas escolas públicas. Como resultado disto:
1. a EBI de Santo Onofre está com metade do número de turmas que tinha quando o colégio abriu e, segundo palavras de quem lá trabalha, chega a ser constrangedor ver o número de salas vazias;
2. a Escola Secundária de Raul Proença (sede do Agrupamento que inclui as escolas de 1.º Ciclo referidas acima) – uma escola de referência e que este ano conseguiu ficar no terceiro lugar do ranking do Secundário, a nível nacional, e, mais uma vez, no primeiro lugar entre todas as escolas e colégios do distrito de Leiria – tem menos de 60% de taxa de ocupação.
3. a Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro também possui uma taxa de ocupação mais reduzida do que seria desejável. Esta Escola foi intervencionada pela Parque Escolar e ficou com instalações de luxo, incluindo laboratórios topo de gama. Nesta Escola foi autorizada a abertura de apenas uma turma de 10.º Ano de Ciências e Tecnologias (no Colégio, permitiram duas e, até ao início de Setembro, os seus responsáveis previam três). Resultado. os laboratórios da Bordalo Pinheiro estão “às moscas”. Por outro lado, não consta que o grupo GPS tenha investido na melhoria das instalações do Colégio…
4. Nas escolas referidas, e também na EB 2,3 de D. João II (paredes-meias com a Rafael Bordalo Pinheiro) e na EB 2, 3 de Santa Catarina, houve inúmeros horários-zero. Alguns dos horários foram recuperados, mas isso também significa que esses docentes não estão a leccionar na área onde se formaram (há professores de Filosofia a “dar apoio” ao primeiro ciclo, por exemplo). Outros professores preferiram concorrer para fora do concelho e até do distrito.
Outro ponto importante é o que diz respeito à redução do horário dos alunos (sobretudo no 12.º ano). Esta circunstância faz com que existam mais salas livres nas escolas ao longo da semana, logo a capacidade passou a ser maior. Em média (do 7.º ao 12.º ano), cada turma tem menos dois tempos de 45 minutos. Numa escola com 40 turmas, isso significa mais 80 tempos disponíveis – corresponde a quase três turmas. Alguém nas Direcções Regionais devia saber disto…
Uma gestão eficiente e atenta (que é o que tem faltado por parte da DRELVT neste processo), nomeadamente fazendo respeitar a legislação que criou os Agrupamentos, onde se afirma que os alunos devem fazer o seu percurso escolar no mesmo Agrupamento, permitiria uma poupança significativa aos cofres do Estado. É que só para este Colégio seguem cerca de 3 315 000 de Euros neste ano lectivo (e ainda existe outro do grupo GPS numa freguesia rural e que tem “roubado” alunos a uma escola do concelho vizinho do Cadaval).
Seria fundamental perceber quanto deste montante (e é bom que também se façam as contas aos anos anteriores) é, efectivamente, usado na Educação dos alunos (incluindo vencimentos de professores e funcionários e despesas com instalações) e quanto deste montante constitui lucro para os administradores, gestores, directores e outros “senhores” do grupo GPS. É que são por de mais evidentes os sinais exteriores de riqueza…
Trata-se do dinheiro de todos nós!
PS: e aqui nem se fala das miseráveis condições em que “sobrevivem” os professores do grupo GPS (tal como foi revelado por uma reportagem da TVI, no mês de Setembro)."