mas que grande chatice
Se alguém defender que a miscigenação e a democracia são sinais de progresso e que o mesmo se deve aplicar ao sistema escolar, é imediatamente "engavetado" como radical livre e perigoso. Então se disser que a escolha da escola acentua a segregação social e favorece o abandono escolar (mais ainda numa sociedade fraca como a nossa e marcada pelas desigualdades) passa para a gaveta dos corporativos e dos culpados pelas tempestades e furacões.
Há tempos esteve por cá uma dirigente sueca numa conferência da liberdade de escolha da escola. Retratou o processo no seu país, que foi decretado na década de noventa do século passado, e concluiu (e estamos a falar duma sociedade que eliminou o analfabetismo no século XIX): aumentou a segregação e pioraram os resultados. Constatou-se a desilusão dos nossos descomplexados competitivos e os suecos estão a mudar de caminho.
Ontem aconteceu algo de semelhante:
"(...)a reacção de Margaret Raymond quando lhe disse a dimensão das nossas “unidades de gestão” em Educação. Quando lhe disse que íamos em “unidades” bem acima dos mil alunos, com escolas bem distantes do centro de decisão, o espanto foi evidente pois tinha acabado de dizer que a dimensão das melhores charter schools de Nova York andam pelos 560 alunos. O conselho dela foi, e cito, para que as serrássemos ( to saw).(...)".
E mais ainda:
"(...)O respeito que na Holanda se tem pela Constituição e pelas suas opções, com 100 anos, em particular no que se refere à Educação. São opções diferentes das nossas mas a atitude é interessante pois consideram-se erradas as tentativas para a alterar apenas por motivos ideológicos.(...)".
Realmente os ventos começam a soprar em sentido contrário aos que não se cansam de acusar uma boa parte dos professores portugueses de corporativos e radicais. Talvez não contassem que o conhecimento do terreno também fosse bem fundamentado. Só lhes resta, como de costume, mudar o azimute das cópias: norte-americanos, suecos e holandeses são perigosos agitadores e os exemplos a seguir serão agora os alemães e não tarda os chineses.