29 milhões como pano de um fundo esquisito
Somando nos orçamentos de 2012 e de 2013, o MEC inscreve cerca de 29 milhões de euros para estudos e pareceres. Considerando os brutais cortes em curso, é uma decisão que nos deixa perplexos. Onde está a retórica implosiva de Nuno Crato?
Percebe-se que boa parte desse despesismo está a ser consumido nas "alterações" no ensino profissional e num apressado relatório que tentará contrariar o último do tribunal de contas.
Nuno Crato propõe que se transfira o ensino profissional do ensino secundário para os politécnicos. É mais uma perplexidade. O discurso de "rigor" que tanto criticou as "novas oportunidades", consegue que os alunos passem do 3º ciclo para o superior e que se faça mais uma terraplenagem no esforço financeiro realizado nas escolas secundárias. É uma "obra" que começa a evidenciar a defesa de mais lobbies poderosos como pode ler nos linques que vou indicar.
Como ponto de passagem, colo uma parte do último post de Santana Castilho, "Ai aguentamos, aguentamos! Resta saber até quando?":
“Cruze-se isto com a razia dos despedimentos, a proletarização da classe docente e o retrocesso dos conceitos educativos e, generosamente, há uma palavra que serve: obsceno!
(…) cinco chefes de gabinete, mais 14 adjuntos, mais 12 especialistas, mais nove secretárias pessoais (só o ministro tem três), mais 26 “administrativos”, mais 12 “auxiliares” e mais 13 motoristas (só o ministro tem quatro). Tudo somado, estamos a falar de 218 mil, 446 euros e 51 cêntimos por mês ou, se preferirem, dois milhões, 621 mil, 358 euros e 12 cêntimos por ano. E, cereja em cima do bolo, os especialistas e os especialistas dos especialistas não chegam. Para superespecialistas, isto é, para pagar estudos e pareceres encomendados fora do ministério, a privados amigos, Nuno Crato teve, em 2012, 16 milhões, 277 mil, 778 euros. Sim: um milhão, 356 mil, 481 euros e 50 cêntimos por mês. E vai ter, em 2013, 12 milhões, 863 mil, 945 euros, isto é, um milhão, 71 mil, 995 euros e 42 cêntimos por mês. Para estudos e pareceres que os especialistas e os especialistas dos especialistas, mais a parafernália administrativa do mais mastodôntico ministério da República apenas teriam que ir buscar à gaveta. Porque está tudo estudado e “parecido”. “
Aconselho então dois posts fundamentais do Paulo Guinote.