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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

accountability a 15 de novembro de 2008

12.10.08, Paulo Prudêncio

 

 

 

 

 

Tudo indica que o dia 15 de Novembro de 2008 vai ficar marcado, para os professores portugueses, por mais um momento de catarse e de grito. E, claro, lutarão sem tibiezas, e porque é justo, até que haja uma mudança significativa de políticas.

 

Grito contra a inexequiblidade de um modelo de avaliação de desempenho que, por ser demasiado incompetente (e também despesista, veja-se lá), cria brutais injustiças. Entre tantas linhas que já escrevi sobre o assunto, quero reforçar a ideia que levou à reforma antecipada de milhares de professores com penalizações até aqui impensáveis; não poderão voltar atrás e ficam, de modo irreversível, julgo eu, com a sua conta do famigerado "accountability".

 

Pois é: este palavrão - responsabilização ou prestação de contas -, que os mais "modernos" não se cansavam de repetir, gastou-se num ápice.

 

  • Quem não se lembra dos inúmeros momentos mediáticos em que os especialistas mais variados repisavam a palavra-chave?
  • Quem não se lembra da ideia esmagadora que conferia aos professores portugueses o privilégio de vida em roda livre e sem "accountability"?
  • Quem não se lembra dos arautos do modelo de avaliação do desempenho que, e no meio de tanta prosápia, e para convenceram os ignores, já tinham baptizado o monstro com um valor até aí desconhecido: "accountability"?
  • Quem não se lembra?

 

Assistimos nos últimos anos a uma transferência brutal de recursos financeiros da classe média para os altos negócios. Associada a essa panaceia de controle das despesas, introduziram-se mecanismos de má, asfixiante e férrea burocracia sobre grandes grupos profissionais (em Portugal, os professores portugueses foram o grupo eleito). Ou seja, sem o "accountability" desses profissionais não haveria paz na terra e felicidade para todos.

  • E agora?

Agora, até podemos inverter o sentido do "accountability", devolvendo-o aos que nos deram tantas lições na matéria. Perguntemo-lhes então:

  • Onde está o "accountability" de quem promoveu e apoiou o monstruoso modelo de avaliação de desempenho dos professores portugueses?
  • Onde está o "accountability" dos lucros privados?

Há uma resposta que não aceitamos: são os grandes grupos profissionais da classe média que terão o "accountability" de contribuir para a nacionalização dos prejuízos.

 

A 15 de Novembro de 2008, e tudo me indica que sim, repito, os professores portugueses vão reiniciar a sua verdadeira prestação de contas, sem nunca esquecerem o seguinte:

 

em rede com a sua avaliação está um sem número de ideias congéneres que se iniciaram noutro desígnio: por mais que os governantes portugueses teimem, consciente ou inconscientemente - qualquer dos estados de alma é descomunal - em afirmar o contrário, instituiu-se, passo a passo, degrau a degrau, a ideia do derrube da escola pública de qualidade, fundando um ensino privado para os ricos - privatização dos lucros - e uma escola estatal massificada para os pobres - nacionalização dos prejuízos -.

 

 

Vamos a isso companheiros.

 

(Claro, está bem, pronto. Companheiras e companheiros).

 

 

 

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