dos amendoins à pedagogia da economia paralela
Entrámos no milénio e rapidamente percebemos que as contas derrapavam e que a grande corrupção se tinha consolidado. O discurso do país da tanga institucionalizou entre nós a vitória da malta-do-subpraime, o socratismo acentuou o desmiolo e o regresso da AD volta a ser desastroso. É muito, mesmo para um país com tanta história.
Teixeira dos Santos recorria sem descanso ao argumento dos amendoins, "(...)dava a vida pelas contas públicas (disse-o num programa na RTP1) e que os cortes financeiros resultantes da reorganização da máquina (desculpem o eufemismo) do estado (fim dos governos civis, diminuição de autarquias, redução do pessoal de gabinetes, não recurso do estado a escritórios de advogados e mordomias ilimitadas) eram amendoins e que o importante eram a redução de funcionários e os cortes nos salários (dito no expresso da meia-noite)(...)" e deixou escola.
Não haverá dia televisivo sem que se repita a tese. Ontem ouvi Miguel Beleza a desmerecer nos cortes em automóveis e motoristas do Governo, nas fundações e por aí fora. Para este economista os professores são o alvo primeiro seguindo-se os despesistas do costume.
O que não chego a perceber nesta trupe-dos-amendoins é a indignação com a economia paralela. Se podemos prescindir dos cortes em banquetes-pagos-pelos-contribuintes, por que é que não devemos "ignorar" facturas em quantias até uns míseros 500 euros? A população apreende a coisa e implementa-a porque o exemplo vem sempre de cima.