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Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

Correntes

da pedagogia e em busca do pensamento livre

distribuição de diplomas

16.05.09, Paulo Prudêncio

 

 

 

 

 

Passei muitos momentos da minha vida confrontado com o dilema da atribuição de prémios ou de diplomas aos alunos; a eterna questão da valorização do mérito. Encontrei um texto que pode lançar a discussão por parte de quem se interessa pelo assunto. 

 

Ora leia.

 

 

Ritual de distribuição de diplomas é do século XIX

"Revela uma orientação de política do Governo, contrária ao ideário socialista, de onde emerge o Governo."

"O ritual de distribuição de diplomas é do século XIX, das escolas republicanas do século XIX. Um momento solene empertigado com a presença das autoridades sociais, significando o término de um ciclo com êxito. Um ritual apropriado pela cultura anglo-saxónica, pelos Estados Unidos da América, sendo que Portugal foi apropriar-se desse antigo ritual e pretende aplicá-lo a jovens do século XXI."

"Trata-se de rituais antiquados o que prova a falta de originalidade das políticas em curso."

"A distribuição de dinheiro aos alunos que se distinguiram, é coisa que os republicanos não ousariam. Nunca comprariam os alunos com prémios. Isso é contemporâneo e pertence a uma visão mercantilista e empresarial da escola, em que os prémios correspondem aos prémios de produção, atribuídos aos trabalhadores."

"Não se compagina com os valores culturais e de desenvolvimento humano e social e de política de cidadania da escola. Estes gestos, que podem vir a ser acolhidos por alguns, farão rebentar estas contradições e esta forma pouco coerente de conceber a educação dos portugueses. É que os prémios prendem-se com outras artimanhas de gestão do sistema, como os sociólogos do governo sabem bem. Premeiam os alunos do secundário que não precisam de dinheiro. Aguarde-se e confirmar-se-á como o feitiço se virará contra o feiticeiro."

"Aliás, esta contradição aplica-se a outras áreas na Educação, como com a profissão docente, em que o controlo extensivo do trabalho dos professores acentuará a proletarização da função docente, numa altura em que devíamos construir a profissionalidade docente. Estas medidas de hipercontrolo dos professores geram uma depreciação do Estatuto e dos efeitos que deveria proporcionar (autonomia, autoridade e reconhecimento)."

"Este tipo de avaliação de desempenho tem uma lógica de vigilância. Para ser barato entregou-se aos professores todo o processo burocrático, o que vai provocar tensões internas desagregando a profissão."

"A sobrevivência deste grupo profissional, levará, no entanto, à destruição do que este Governo está, erradamente, a querer construir. No plano histórico-cultural esta política não vai resultar." / S.N

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Rui Trindade
Docente da Faculdade de Psicologia
e Ciências de Educação da Universidade do Porto